Temporada: 3
Número de episódios: 10
Atenção: esta review pode conter spoilers!
O final do mês de julho trouxe consigo a 3.ª temporada de Absentia, já disponível em Portugal desde o passado dia 20 através do serviço de streaming AXN Now.
Se acompanham a série desde a sua 1.ª temporada, cujas reviews podem ler aqui, sabem que Absentia segue a atribulada vida de Emily Byrne (Stana Katic), uma agente do FBI que, após ser presumida morta quando desaparece sem deixar rasto, se encontra no centro de uma investigação a um conjunto de homicídios dos quais é a principal suspeita.
Emily embarca então numa jornada para limpar o seu nome e trazer à justiça aqueles que a incriminaram e colocaram em perigo a sua família. Esta é uma jornada que está longe de acabar numa 1.ª temporada, transitando assim para a 2.ª instalação da série, onde a protagonista, de volta ao ativo, se vê forçada a desvendar novos mistérios ligados ao seu passado e ao tempo que esteve cativa.
Nesta 3.ª temporada, Emily, com toda a sua bagagem de trauma, tenta mais uma vez regressar à normalidade, procurando estar mais próxima da sua família e ser uma melhor mãe para Flynn (Patrick McAuley) após os acontecimentos das temporadas anteriores. Mas, à semelhança do que tem vindo a ocorrer, os seus planos são rapidamente descarrilados quando Nick (Patrick Heusinger), o seu ex-marido, desaparece, levando Emily a abandonar Boston à sua procura.
Comecei esta temporada imediatamente após uma sessão de binge-watching das suas antecessoras e, com os eventos anteriores em mente, eram várias as expectativas que tinha relativamente a este novo capítulo da série – algumas das quais foram concretizadas e outras tantas que deixaram algo a desejar. De forma geral, no entanto, sinto que esta 3.ª temporada de Absentia apresenta uma pausa ou abrandamento necessários à narrativa de Emily, não estando tão fortemente ligada ao seu passado quanto as restantes e possibilitando assim à audiência e à própria história um momento para respirar, sem nunca perder a sua essência.
Os eventos desta temporada são colocados em movimento por Nick, cuja investigação a um circuito internacional de tráfico humano o coloca diretamente em perigo, levando ao seu rapto e posterior desaparecimento. A relutância por parte do FBI em investigar o sucedido alia-se ao sentido de obrigação de Emily em manter a sua família a salvo, carregando assim a protagonista por todo um conjunto de desafios e circunstâncias mais ou menos credíveis.
Este acaba por ser um dos grandes problemas que tenho com esta temporada: a sua credibilidade. Se, em temporadas anteriores, esta foi colocada em causa devido à ligação de tudo e todos com Emily, aqui são as próprias situações em que a personagem se encontra que pareceram rebuscadas. Por várias vezes, senti que Emily – acompanhada, em grande parte, por Cal (Matthew Le Nevez) – teve demasiada sorte em encontros que, talvez, não deveriam ter corrido da melhor forma. Conto pelos dedos as instâncias em que claramente seria vista por inimigos, em que existia uma clara desvantagem numérica e também outras tantas nas quais estaria certamente demasiado lesionada para poder continuar. Consigo apenas comparar estas situações a um jogo no qual a inteligência artificial das non-playable characters está obviamente fraudada de modo a favorecer o jogador que, de alguma forma, tem balas e uma barra de saúde quase ilimitada.
No entanto, não é por isso que Absentia se torna menos interessante. Mais uma vez, Stana brilha no seu papel e Emily, acompanhada por um conjunto de personagens também elas fortes, leva-nos a navegar por este complicado e aliciante submundo criminoso. São estas personagens que, em grande parte, fazem esta temporada, com Cal e principalmente Nick a assumir uma maior importância na história que vêm a enriquecer. Ainda assim, acredito que a série poderia ter aproveitado de melhor forma algumas das suas outras personagens, com Jack (Neil Jackson) e Warren (Paul Freeman) a ocupar um lugar mais secundário nesta temporada, ou outras como Kai (Kaja Chan) ou Rowena (Josette Simon) a desaparecer demasiado cedo.
Por fim, fiquei também um pouco desiludida com a conclusão da investigação ao agente infiltrado no FBI. Apesar de ser algo abordado no decorrer de toda a temporada, a sua conclusão surge quase como um after-thought pouco satisfatório, que quase trivializa o homicídio de Alice (Cara Theobold) no final da temporada anterior às mãos de Gunnarsen (Natasha Little). Gostaria de acreditar que a próxima temporada possa vir a expandir sobre o assunto, apesar de parecer tratar-se de mais um capítulo fechado.
No geral, foi mais uma boa temporada para Absentia, que tirou uma pequena pausa do seu registo normal de modo a poder prosseguir com a sua história. O futuro da série parece apontar para Emily enquanto agente independente, quase como se de uma vigilante se tratasse – algo que, de uma ou outra forma, tem vindo já a fazer ao longo destas temporadas, mas que será muito mais interessante se realmente se vier a concretizar.
Melhor episódio:
Episódio 9 – Tenebris – Apesar de não se tratar da season finale, é em Tenebris que a maioria dos conflitos desta temporada chega a um fim. Para mim, foi um dos episódios que mais me agarrou ao ecrã, tendo o seu tempo dividido principalmente entre Emily e Flynn. Ainda que, na minha opinião, a série não tenha passado tempo suficiente com Flynn e o seu avô na quinta da família para concretizar a importância deste momento, não foi por isso que deixei de gostar de ver o filho de Emily e Nick a passar a perna a um dos vilões da série. Já as cenas no complexo foram completamente caóticas e uma boa conclusão do principal conflito da temporada.
Personagem de destaque:
Emily Byrne –Apropriando-me das palavras de Ana Velosa na sua review da 2.ª temporada da série, Emily é Absentia, pelo que me vejo forçada a nomear novamente a personagem enquanto personagem de destaque para esta temporada. Mais uma vez, é através de Emily que vivemos a série, de forma ansiosa, desconfiada e, acima de tudo, incansável na busca da verdade. Tem vindo a aprender a lidar melhor com os seus traumas e a ser mais vulnerável para com as pessoas à sua volta, pelo que mal posso esperar por ver o que o futuro trará a Emily Byrne.
Inês Salvado