Temporada: 5
Nº de episódios: 15 (sendo que o primeiro faz parte do crossover)
[Esta review contém spoilers]
Mais uma temporada ao nível de Legends of Tomorrow! Mas isso pouco importa, não é verdade? Quem gosta de ver Legends of Tomorrow (e acredito que haja algumas pessoas por aí) não vê pelo enredo, ou pelo menos espero que não, porque aí não encontram nada de especial. Quanto ao enredo podemos dividir a temporada em dois momentos, o primeiro e o segundo. Agora a sério, num momento as lendas vão encontrando encores. Encores acontecem quando as almas de pessoas que já morreram são libertadas e eles têm uma espécie de segunda oportunidade de continuar a matar. Normalmente estamos a falar de criminosos conhecidos, como por exemplo Jack, o Estripador. O segundo momento é quando o enredo principal da temporada se começa a desenvolver e descobrimos algo sobre Charlie – que analisaremos mais à frente – e as lendas começam a ter que combater o destino, mas sempre ao seu estilo e, por isso, entenda-se, de forma cheesy.
Uma das partes engraçadas de Legends tem a ver com as diferentes reconstituições de épocas e cenários que vamos vendo e esta temporada não foi exceção. Tivemos várias personagens a aparecer e épocas e situações bem diferentes como: um mockumentary na Rússia, um episódio como detetives noir, um baile de finalistas, Revolução Francesa, em Londres em 1500 e até um episódio que se passa dentro da televisão. Este fator continuou a ser um ponto interessante ou tolerável da série, ver os personagens a vestirem-se como habitantes dessa determinada época; no entanto, tenho sentido menos investimento da parte dos escritores neste ponto. Antigamente o elenco original de Legends ainda se preocupava em tentar infiltrar-se nos cenários, como se pertencessem lá, agora parece que só querem incluir frase feita após frase feita, cenas de luta que acabam exatamente como o esperado e deixar tudo num grande estado estapafúrdio.
A segunda parte é quando descobrimos quem Charlie realmente é. Uma das três irmãs do destino, inspirada nas personagens da mitologia grega, que controlam o destino através de um fio criado por elas. Aqui tivemos uma hipótese de ter um vislumbre de um enredo de jeito, mas que correu mal; o conceito é quase semelhante ao de George Orwell em 1984 com o “Big Brother is watching you”, só que neste caso eram as Fates que estavam a controlar cada movimento das lendas. Até que Charlie, dividida entre as suas irmãs e a sua afiliação com a equipa, decide tentar poupar a vida das lendas. Como? Pondo-as numa narrativa construída, onde eram estrelas de televisão. Aqui temos a hipótese de ver os protagnoistas a passarem por diferentes géneros de televisão. Começam com uma homenagem a Friends, passando por Downtown Abbey, entre outros. Foi… diferente! Tenho sentimentos mistos quanto a esse episódio. Por um lado, foi uma lufada de ar fresco por não ser mais do mesmo, mas quando cheiras o ar apercebes-te que não está assim tão fresco, é apenas um odor diferente.
No final do episódio 15 acontece algo desastroso, que me deixou emocionado. Parecia quase saído de um livro de Stephen King. No final, Sara é raptada por uns aliens. Não é a parte dos aliens que me assusta, é o facto de irmos ter mais uma temporada de Legends. Com séries tão melhores a serem canceladas e a não terem sucesso, como é que uma série com enredo fraco, sem piada e com um nível de representação terrível consegue ir para uma 6.ª temporada? Mas então porque motivo é que estou saturado com Legends?
O primeiro ponto negativo é uma escrita preguiçosa e sem grande conteúdo. Cada linha é uma procura da piada mais fácil ou da frase mais feita. Momentos que podiam ser bons, mais emocionantes, são estragados por causa disso. E depois a metaficção ou o gozo próprio também são estragados porque são feitos em demasia. A comparação óbvia para mim é Supernatural. Da mesma emissora, a CW, Supernatural tem a noção do que faz mal e tem episódios onde goza com isso, como o episódio do musical ou quando Dean e Sam estão presos num programa de TV (soa familiar?), mas Legends tenta fazer isso a todos os minutos e por isso todas as coisas perdem a piada ou o interesse. Segundo ponto, a terrível representação – e deixem-me sublinhar o terrível!. Atores e atrizes que já vimos ter qualidade, como aqueles que dão vida a Ray Palmer ou Sara Lance em Arrow, chegam a Legends e as suas personagens parecem caricaturas. Perdem qualquer seriedade e capitalizam as suas características mais salientes, fazendo uma caricatura deles. Se a Sara é badass, então todas as frases que diz têm que deixar isso claro. Se Ray é um palerma, todas as frases que diz têm que deixar isso claro. Já ouviram Sara ou Mick a falar? Porque é que algum realizador iria pedir-lhes para falarem daquela forma? A única explicação que vejo é a mesma que levou à criação de CSI: Miami e Horatio Caine. É que o criador já tinha feito duas produções mais séries e boas e quis fazer algo mau no gozo. Os arcos são todos muito precipitados, parece que têm medo de demorar mais do que um ou dois episódios a dar algum conteúdo àquela personagem, mas na realidade isso faz com que não tenhamos tempo de criar uma ligação emocional com o que se está a passar. Um exemplo claro disso é o que se passa com Mick e a sua filha nesta temporada. Não senti emoção nenhuma ao vê-los aproximarem-se porque nem sequer houve tempo para ver Mick a sofrer por não se conseguir ligar com a filha. Mais do que ver o final “feliz” gostamos é de ver a pessoa a passar pelo sofrimento e a ultrapassá-lo, mas nem tudo é mau.
Pontos positivos da temporadas: Ray e Nora têm o seu final feliz, depois de alguns episódios onde Nora é mal aproveitada como fada madrinha e abandonam a equipa de vez, assim como Charlie. Constantine teve muito mais presença nesta temporada, mas alguns hábitos maus das lendas já se estão a pegar e já não gostei tanto de o ver como na temporada quatro. O regresso de Zari foi positivo, não sei se foram as características da personagem ou da atriz, mas sempre foi a única que não entrava em frases feitas ou piadas desnecessárias e sem sentido, por isso foi com agrado que a vi voltar ao pequeno ecrã, a certa altura até a dobrar, mas não me queixo, uma segunda Zari continua a ser melhor do que a maioria do resto da equipa.
Acho que o facto de o parágrafo a falar dos pontos negativos ter o triplo do tamanho dos pontos positivos diz tudo. E por isso quero acabar com a primeira frase que disse: mais uma temporada ao nível de Legends of Tomorrow. Só é pena que esse nível seja constantemente baixo. Na minha opinião a série já deveria ter acabado e espero que a 6.ª temporada seja a última.
Personagem de destaque:
Zari Tomaz (Tala Ashe): Como referi no ponto supramencionado, Tala parece ser a única atriz que diz as suas falas como deve ser, como uma pessoa normal, e não como se fosse uma caricatura andante, o que a põe em destaque no seio desta equipa. Depois o enredo à volta dela foi também interessante: a história de ser substituída pelo irmão, mas recuperar as suas memórias aos poucos e poucos, o facto de perder Behrad quando se estava a aproximar mais dele e tentar fazer de tudo para o trazer de volta e a divisão de Zari em duas, na que conhecemos nas temporadas anteriores e na versão atual.
Melhor episódio:
Episódio 10 – Estive quase a escolher o episódio 1 porque tinha sido o crossover, mas considerei isso batota. Estive quase a escolher o episódio 15 por ser o último e significar que não havia mais, mas considerei jogo sujo. Com estas duas opções de fora resta-nos o episódio 10, onde Zari e Constantine, que não se dão bem, participam numa reunião com diversas personagens conhecidas, desde Brutus a Jack, o Estripador, e têm que se desenvencilhar sozinhos. O que resulta na utilização de palavras e da ilusão. Zari disfarça-se de Cleópatra e quase que os consegue safar sem terem que usar armas. No final teve um momento de quase tensão/atração com Constantine. No fundo, foi um episódio normal, mas ligeiramente melhor que os restantes, provavelmente por ter sido construído para Constantine e Zari.