Dead to Me – Crítica da 2.ª Temporada
| 28 Mai, 2020

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Christina Applegate e Linda Cardellini estão de volta para a segunda temporada de Dead to Me e, oh! Como sentimos a sua falta! Após o cliffhanger da 1.ª temporada, é seguro dizer que a 2.ª temporada não podia chegar rápido o suficiente. Com as tensões já altas entre as nossas protagonistas, depois de Judy confessar a Jen que matou o seu marido, Judy quase se suicida, e Jen agora encontra-se num aperto dos grandes após ter morto Steve (James Marsden).

Após o sucesso da primeira temporada, as expectativas para a segunda eram altas e, felizmente, as expectativas foram correspondidas e até ultrapassadas. A segunda temporada foi capaz de manter a maior parte do que era bom da primeira temporada e desenvolver ainda mais as suas personagens, histórias e mundo de um modo incrível.

A melhor parte desta série é, sem dúvida, a química entre Christina Applegate e Linda Cardellini, sendo que o relacionamento entre Jen e Judy é simplesmente delicioso de se ver. Não é novidade nenhuma que ambas as atrizes são bastante conhecidas, mas a grande prova do seu talento é como nós nos perdemos nestas personagens e nos esquecemos que estamos a ver uma série televisiva com personagens fictícias. Esta série tem o poder de nos fazer mergulhar no seu mundo e na sua história.

Para além nas nossas personagens principais, é também essencial reforçar a importância das personagens secundárias. Em todas as séries, existe sempre uma personagem irrelevante e que não traz nada de valor para a história – isto não pode ser dito quanto a Dead to Me, especialmente na segunda temporada. Todos os papéis secundários são extremamente importantes para criar tensão e para o desenvolver da história. Esta nova temporada mantém o legado de encontrar um ótimo equilíbrio em usar os seus personagens secundários para desenvolver e puxar a história para a frente, mas nunca os usa em demasia, o que é raro e de louvar.

Algo que a 2.ª temporada manteve de bom, foi as constantes e ridículas reviravoltas. Muitos destes twists não funcionariam noutras séries, mas são uma parte intrínseca do ADN de Dead to Me e que sem eles a série não seria a mesma coisa –  alguns desses momentos que me vêm à cabeça são: a revelação de que Steve tinha um irmão “semi-idêntico”, Ben; Charlie (Sam McCarthy) encontrar o carro de Steve e prossegue em andar pela cidade com o carro como se nada fosse; e até mesmo a revelação que a ex-namorada de Michelle (Natalie Morales) era a Detetive Perez (Diana Maria Riva). São estes momentos que nos fazem desatar a rir e ao mesmo tempo fazem o coração bater fora do peito.

Eu tenho somente uma única crítica sobre esta temporada. Senti que os riscos não eram tão altos emocionalmente em comparação à primeira temporada. Uma das razões que fez a primeira temporada magnifica foi o sentimento de nervosismo, antecipação e medo do momento em que Jen descobriria que Judy era a responsável pela morte do seu marido – as consequências eram reais e profundamente emocionais, não porque Judy poderia ir parar à prisão, mas sim porque o seu relacionamento com Jen iria ser dizimado assim que Jen descobrisse. Na segunda temporada, eles mudaram essa tensão para o relacionamento entre Jen e Ben, ou até mesmo, a polícia descobrir que Jen assassinou Steve, enquanto para mim, o foco deveria ter permanecido no relacionamento de Jen e Judy. No final, houve uma volta que retomou o foco para este relacionamento principal, mas no seu geral, houve uma certa divisão sobre qual seria a maior consequência da revelação de Jen o que tornou a carga emocional dessa história menos efetiva.

Num todo, o enredo da segunda temporada foi muito parecido com o da primeira temporada – ‘Mulher mata o homem que a outra amava. Encobre provas de que o crime foi cometido. Acaba por esconder um segredo da melhor amiga. Mulher começa a conhecer a família do homem que matou, e acaba por ficar próxima dessa família. No fim ela revela o que aconteceu, e existem consequências na sua relação com a melhor amiga, mas acaba por sair ilesa em termos legais. A temporada termina com um crime a ser cometido que nos prepara para a seguinte temporada.’ – mas, mesmo com esta estrutura de enredo quase idêntica, o simples facto de alterarem a perspetiva e, desta vez, ser Jen que está a vivenciar tudo, faz com que nos pareça que a história é nova e inovadora. Dead to Me tornou as suas duas protagonistas tão complexas e diferentes que, quando algo muito semelhante acontece às duas, leva a histórias completamente diferentes.

Agora, uma coisa sobre a qual quero falar rapidamente… a resposta que os argumentistas de Dead to Me tiveram à reação dos fãs na 1.ª temporada.

Para quem não está familiarizado com o fandom de Dead to Me, é possível que não saiba, mas devido ao relacionamento bastante íntimo e química entre a Jen e a Judy, muitos fãs de Dead to Me queriam que estas duas personagens se tornassem romanticamente envolvidas. Esta não é a primeira, nem será a última vez que os fãs começam a torcer por relacionamentos românticos que não foram planeados na conceção de uma série, quer seja pela química entre as personagens, subtexto intencional ou não intencional por parte dos roteiristas, ou simplesmente porque sim. Quando isto acontece para relacionamentos heterossexuais, geralmente estes relacionamentos tornam-se realidade mais tarde (Jeff e Annie de Community, por exemplo), mas quando o relacionamento é entre duas personagens do mesmo género já não se pode dizer o mesmo (Emma e Regina de Once Upon a Time, por exemplo). É um facto infeliz, mas é uma realidade. Portanto, a possibilidade de Jen e Judy alguma vez virem a ficar juntas nunca foi favorável. O que torna Dead to Me diferente de todas as outras séries que se encontraram nesta mesma posição foi a sua reação ao pedido dos fãs.

Como todas as outras séries, Dead to Me tinha a possibilidade de simplesmente ignorar os seus fãs, mas em vez disso eles decidiram tomar uma rota que valida os sentimentos dos fãs quanto à sexualidade destas personagens, mas sem comprometer a sua visão inicial.

A 2.ª temporada introduz Michelle, uma mulher que não tem possibilidades de tomar conta da sua mãe idosa, e que, para a mãe ter os cuidados que precisa, a coloca no lar em que Judy trabalha. Quando Judy e Michelle se conhecem, a sua relação começa a evoluir pouco a pouco e nós começamo-nos a aperceber que há ali algo mais do que amizade. Estas nossas suspeitas são eventualmente confirmadas, e de uma forma muito simples e sincera, descobrimos que Judy é bissexual. Este pequeno detalhe de tornar Judy bissexual, em vez de ignorar os comentários feitos na 1.ª temporada, é algo que informa bastante a índole da equipa por detrás de Dead to Me e é mais um fator a favor desta nova temporada. Não é comum ter séries em que a personagem principal faz parte da comunidade LGBT. Portanto, mesmo que o relacionamento entre Jen e Judy permaneça platónico, é muito bom saber que existe esta representação com uma das protagonistas.

Algumas considerações finais… Esta temporada foi simplesmente fantástica. Foi melhor que a primeira temporada? Acho que ambas tiveram os seus pontos fortes e é difícil decidir qual delas é melhor. Dead to Me continua a ter um ótimo equilíbrio entre o seu lado mais cómico e o seu lado mais dramático, e trouxe-nos novas dinâmicas bastante interessantes entre as personagens.

No geral, estou ansiosa para obter uma nova temporada, e espero que numa 3.ª temporada seja explorado em mais detalhe o facto que Judy é uma sobrevivente de abuso e as consequências que este abuso teve nela (por exemplo, ela reage sempre com “It’s ok”, quando alguém é abusivo com ela e pede desculpas logo a seguir), também gostaria que Jen tivesse alguma paz e sossego, e trabalhasse nos seus problemas de raiva – está na altura de ela ter alguns momentos de felicidade. O cliffhanger desta temporada foi um pouco mais fraco do que o da temporada passada, mas tudo irá depender de como será explorado. É de não esquecer que o corpo de Steve só foi encontrado no fim desta temporada, é de calcular que essa história ainda não acabou.

Personagem de Destaque:

Jen Harding (Christina Applegate) e Judy Hale (Linda Cardellini) – É realmente impossível escolher entre estas duas personagens. Elas as duas são a fundação desta fantástica série e são um dynamic duo inseparável e não há como negar o talento destas duas atrizes.

Episódio de Destaque:

Episódio 9 – It’s Not You, It’s Me – Numa temporada repleta de bons episódios, devo dizer que esta escolha foi difícil. O que destaca este episódio de todos os outros foi o facto de toda esta temporada estar a levar-nos aos eventos que acontecem no episódio nove e que são posteriormente explorados no episódio 10. A cena em que Jen revela que não matou Steve em autodefesa e o seu seguimento até ao carro é uma das melhores que Dead to Me já fez e mais um motivo pelo qual eu não consegui escolher entre Jen e Judy para as personagens em destaque.

Liliana Capucho

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