[Contém spoilers!]
Temporada: 12
Número de episódios: 10
Depois da desilusão que foi a 11.ª temporada de Doctor Who, estava sem entusiasmo para começar a 12.ª. Tanto é que quando finalmente vi o primeiro episódio já tinham saído mais cinco. Durante os primeiros minutos do piloto senti tristeza por uma das minhas séries favoritas de sempre já não despertar em mim o mesmo entusiasmo de antigamente, quando mal podia esperar pela nova temporada e novos episódios recheados de aventura, momentos de alegria e de tristeza, de diversão e de expansão das fronteiras do tempo e do espaço. Ainda assim, quando ouvi novamente o genérico tão icónico fui inundada por uma onda de memórias e por um sentimento de aconchego. Não interessa o quanto a série mudou, aquela música toca-me sempre no âmago.
Contudo, estava sem quaisquer expectativas para esta nova temporada. A saída de Moffat no final da 10.ª temporada (com Peter Capaldi no papel de Doctor) e a consequente mudança de showrunners não equivaleu a uma qualidade de narrativa semelhante à que estávamos habituados. Tudo pareceu pouco orgânico na temporada que introduziu a primeira mulher Doctor. Os companheiros desta não cativaram e foi também difícil criar empatia com a personagem que dá nome à série. Não tenho queixas a fazer em relação à prestação de Jodie Whittaker, pelo contrário, mas o argumento não abonou a favor de que o 13.º Doctor fosse um fan favorite.
90% do episódio que inaugurou mais uma temporada da série foi, para mim, apenas mais um episódio de uma série e não o início de uma nova temporada de Doctor Who. Somente o final trouxe de volta o interesse e parte da paixão que nutro por este mundo ao reintroduzir uma personagem que divide todos os fãs: Master. Esta foi uma personagem que proporcionou à série alguns dos seus melhores momentos e apesar de não ter sido a melhor participação de todas, resultou numa storyline que muda para sempre o paradigma da personagem central da série. Quando revelaram o regresso de Master, logo no primeiro episódio, a chama da esperança reacendeu-se em mim: nem tudo está perdido para DW. E não está.
Estes 10 episódios fizeram-me sentir o bichinho que sentia quando era a vez de Ten de comandar a TARDIS. Muitos dos episódios e dos inimigos a serem derrotados fizeram-me em tudo lembrar episódios passados. Talvez tenha sido isto que faltou à 11.ª temporada: uma semelhança com aventuras anteriores. A produção anunciou que desta vez a Doctor iria estar muito mais ligada ao planeta Terra e que os obstáculos a serem enfrentados estariam aqui e não noutras civilizações. Tudo isto se verificou e devo dizer que gostei bastante da abordagem mais crítica que fizeram. Para muitos fãs o constante apontar do dedo ao que hoje em dia está mal no mundo foi um exagero e fora daquilo que costuma ser a série. Tenho de dizer que não concordo. Mesmo quando o foco não era de todo criticar ou alertar, Doctor Who e os Doctors encontravam sempre forma de pôr o dedo na ferida em relação a alguns assuntos, quer fosse o egoísmo humano, a falta de compaixão e de compreensão ou a mente fechada. Tudo isto esteve sempre presente de alguma forma na série e não acho que nesta temporada tenha havido de todo um sobreuso de crítica; até porque ela é necessária.
Noutra nota, continuo a não gostar muito dos companions da Doctor. As suas prestações estiveram melhores nesta temporada, mas não consigo nutrir por eles aquilo que nutria por Rose, Donna ou Clara. O que distinguia os outros companheiros de aventuras era a história que havia por detrás e que estava intrinsecamente ligada aos respetivos Doctors. Com Yas, Ryan e Graham não há nada disso. Mesmo a ligação às suas famílias parece não ser muita. O lado positivo é que eles devem despedir-se na próxima temporada. Pelo menos espero que sim.
Com exceção do primeiro episódio, todos os outros foram muito bons. O facto de as histórias que contaram serem parecidas a outras que já vimos, de uma personagem marcante como Master estar de volta e assim como o mistério que sempre envolveu todos os Doctors – os segredos da sua vida, do seu planeta e da sua espécie -, fizeram com esta 12.ª temporada resultasse muito bem e deixasse os fãs em alvoroço com a descoberta de que o/a Doctor é afinal a Timeless Child. Já li alguns artigos que deixam em evidência os plot holes que esta novidade criou. Concordo com alguns, com outros nem tanto. Confesso que muitas das coisas já nem me lembrava e espero que esses pontos que falta interligar com este novo pedaço de informação sejam conectados na próxima temporada. Agora sim, o meu entusiasmo por Doctor Who está de volta e mal posso esperar pela nova temporada!
DW regressa no Natal com um episódio especial. Será aqui que veremos a despedida dos atuais companheiros de viagem da Doctor? Eu espero que sim. E vocês, o que acharam desta temporada e o que esperam do futuro da série?
Personagem de Destaque:
13th Doctor (Jodie Whittaker) – Fossem os companheiros outros e talvez a minha escolha de personagem de destaque não recaísse sobre a Doctor. Contudo, é mesmo ela quem merece estar debaixo dos holofotes. Consegui ver ao longo dos episódios vários raios dos Doctors passados que foram transparecendo na forma como ela lidou com as situações, como falou e como se exprimiu corporalmente. Esse foi provavelmente outro dos bónus que me atraiu tanto nesta temporada e recomendo que o continuem a fazer.
Episódio de Destaque:
Episódio 10 – Gostei bastante dos episódios de época desta temporada – Nikola Tesla’s Night of Terror e The Haunting of Villa Diodati -, especialmente porque nos apresentam figuras históricas e é sempre delicioso vê-los a interagir com toda a tecnologia e conhecimento avançados que a Doctor traz consigo. Gostei igualmente dos outros que nos mostraram possíveis futuros para a espécie humana caso não mudemos as nossas ações a tempo. Ainda assim, o episódio que se destaca é mesmo o final, onde ficamos a conhecer a verdadeira origem dos Senhores do Tempo, das regenerações e da Doctor. A adição de um conhecido inimigo, os Cyberman, foi um toque de génio, especialmente com aquele com a cara parcialmente à mostra. Acho que foi uma storyline muito bem construída, que me deixou super curiosa pelo que se segue e só mudava uma coisa: o ator que interpretou Master. Acho que não conseguiu fazer jus à personagem.
Beatriz Caetano