Chilling Adventures of Sabrina – Review da 3.ª Temporada
| 06 Fev, 2020

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[Contém spoilers!]

Temporada: 3

Número de episódios: 8

A 3.ª temporada de Chilling Adventures of Sabrina chegou no final de janeiro com oito episódios que deliciaram e viciaram uma vez mais os espectadores. Depois de 28 capítulos, a premissa continua a ser interessante e o ambiente sombrio mas simultaneamente irrisório cativam não só o público alvo, os adolescentes, como as faixas etárias que se lhes seguem. É divertida, sexy, atual, com uma narrativa diferente do normal e com caracterizações e cenários excecionalmente bem conseguidos. Diria que CAOS veio definitivamente para ficar.

Esta temporada de Sabrina pareceu-me entrar num patamar diferente de maturidade. Da primeira para a segunda parte da série foi visível uma evolução no foco dos problemas de Sabrina, que passou do seu dilema entre o mundo mortal e o mundo das bruxas e o triângulo amoroso entre Harvey e Nick para o confronto com o Diabo. Nesta temporada, ainda que os dissabores amorosos tenham estado presentes, a forma como a protagonista encarou os obstáculos que sucessivamente lhe apareceram à frente foi diferente. Claro que Sabrina continua a ser ingénua, inconsciente e impulsiva, como os últimos minutos do episódio final demonstram bem, mas não posso dizer que não senti uma diferença, porque senti.

Achei que a história dos deuses pagãos regressarem para reclamar o seu lugar no mundo contemporâneo foi muito interessante e fez-me lembrar American Gods, que aborda a luta entre os deuses novos e antigos. Também gostei bastante que tivessem abordado a temática dos paradoxos temporais e da viagem no tempo. Não posso negar que estou muito curiosa por ver o que vão fazer na 4.ª temporada com esta storyline. Por outro lado, não achei piada nenhuma à introdução de momento musicais nos episódios. De todas as coisas que podiam ter ido buscar a Riverdale esta não era uma das que fazia falta. São awkward e sem qualquer sentido, especialmente quando Harvey, Roz e Theo ensaiam a sua banda que aparentemente foi criada.

Tal como aconteceu nas temporadas anteriores, a minha personagem favorita não foi Sabrina. Aliás, ela não está sequer no top 3. Apesar de ser a protagonista, o seu complexo de heroína e a forma como consegue sempre mas sempre estar metida em problemas, levam-me a distanciar-me dela e a sentir menos empatia para com a personagem. Creio que a única altura em que me senti solidária com Sabrina foi quando Nick decidiu ser um estupor e dizer-lhe coisas bastante cruéis, mas já lá vou a este tópico. Nesta 3.ª parte as personagens que mais se destacaram, pelas melhores razões, e das quais gostei genuinamente de ver no ecrã foram Ambrose, que regressou às minhas boas graças, e Zelda.

Na 1.ª temporada da série a minha personagem favorita foi, sem sombra de dúvida, Ambrose. Foi até uma das minhas escolhas numa crónica que co-elaborei – Papéis Fascinantes que Transcendem os Protagonistas. A sua aura obscura e misteriosa atraiu-me desde o primeiro momento. Contudo, o rumo da história na 2.ª parte conseguiu arruinar a personagem ao colocá-lo do lado de Father Blackwood. Fiquei verdadeiramente desiludida, porque gostava mesmo dele. Mas nem tudo está perdido e Ambrose conseguiu redimir-se! Voltou a estar no meu top e o seu charcater development assim como a prestação de Chance Perdomo arrebataram-me uma vez mais. Não posso deixar passar em branco a química explosiva que Ambrose e Prudence têm. Good Lord. A sua dinâmica nas cenas foi incrível e fiquei super triste com Prudence por ter culpado Ambrose de tudo o que lhe aconteceu.

Zelda, por sua vez, nunca me chamou muito a atenção no que a empatia diz respeito. Sempre a vi como uma mulher amargurada pela morte do irmão e ressabiada por nunca ter conseguido alcançar o poder que queria, chegando mesmo ao nível baixo de se aliar, tal como Ambrose, a Father Blackwood. Já para não falar da forma como trata Hilda e até Sabrina. Assim sendo, nunca gostei muito dela. Contudo, esta 3.ª temporada foi a sua chance de regressar ao lado bom e de fazer a coisa certa, mas sempre com um ar altivo e de superioridade, como é seu costume, claro.

Num lado menos positivo, o rumo que deram a Nick nesta temporada foi deplorável. Tinham tudo para lhe dar uma boa storyline com o seu trauma de ter sido possuído pelo Diabo e encarcerado no Inferno, mas o resultado final não foi o melhor. Gostei do seu lado atormentado nos primeiros episódios, mais ou menos até à altura em que se envolve com os demónios sexuais. Esta faceta mais dark e ousada da série foi uma boa aposta, mas a decisão que Nick tomou em relação a Sabrina (creio que este foi o único momento da série em que senti pena dela) e à forma como lidou com o que lhe aconteceu desiludiram-me, à semelhança de Prudence.

Já tinha referido isto na review da 1.ª e 2.ª temporadas de CAOS, mas tenho de repetir: qual é o objetivo de Harvey fazer parte da série? Esta personagem é supérflua, desinteressante e de fazer revirar os olhos cada vez que aparece. Dos três amigos humanos de Sabrina, nenhum é apelativo. Nas temporadas anteriores conseguiram dar-lhes alguns momentos relevantes, com Roz a descobrir o seu poder, e Theo a desbravar os seus antepassados ligados a caçadores de bruxas. Harvey nunca teve um momento interessante. Espero que num futuro próximo lhe deem um plot minimamente relevante ou simplesmente que o retirem da série.

Pormenores à parte, vamos ao que interessa: a enchente de easter eggs que houve nesta temporada! Já se sabia que SabrinaRiverdale decorriam no mesmo universo, apesar de as séries serem de canais diferentes. Na primeira temporada da série mais recente tivemos um mini-crossover com Ben Button, que pertenceu a Riverdale, a entregar uma pizza na casa de Lilith, mas a 3.ª temporada teve bem mais do que isso. Vamos por partes:

  • Começamos por Nathalie Boltt, que dá vida a Penelope Blossom em Riverdale, e que apareceu no primeiro episódio da 3.ª temporada de Sabrina. A aparição é breve, quando Prudence e Ambrose se encontram em Nova Orleães em busca de Blackwood. Penelope convida um homem a entrar no quarto, mas quando se vira é Prudence quem aparece, revelando que esta usava um feitiço para parecer uma pessoa diferente. Este tipo de encantamento na série só é possível se a bruxa já tiver conhecido a pessoa na qual se quer transformar, o que deduz que Prudence e Penelope já tiveram o prazer de se conhecer. Terá sido em Greendale ou em Riverdale?
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  • No episódio 04×10 de Riverdale, um dos jogadores da equipa de futebol de Baxter High, Billy Marlin, que apareceu na 1.ª temporada de Sabrina, fala com Betty sobre os violentos jogadores de Stonewall Prep para uma reportagem de investigação que está a fazer.
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  • Reconheceram Robin, o duende e interesse amoroso de Theo, de algum lado? Pois é, Jonathan Whitesell deu vida a Kurtz, o líder de um gangue dos Griffins & Gargoyles, em Riverdale, durante a 3.ª temporada da série. É certo que em Sabrina interpreta uma nova personagem que até nem é humana, mas se considerarmos todas as variáveis, não será possível que Kurtz e Robin sejam a mesma pessoa? Verdade seja dita que o plot do Gargoyle King foi do mais esquisito que Riverdale já viu e todas aquelas cenas na floresta com árvores assustadoras podiam muito bem ser amigos de Robin, o duende, para tentar aumentar o número de crentes nos deuses pagãos.
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  • Sabrina e Ambrose vão a Riverdale para encontrar um dos elementos profanos, a Coroa de Herodes, que está escondida numa árvore de ácer. Durante esta pequena incursão ficamos a saber que a magia existe mesmo em Riverdale (o que pode explicar grande parte das coisas sem nexo que por lá acontecem) e que a família Blossom está ligada ao mundo mágico (o que também pode explicar muita coisa). Também vislumbramos aquele cartaz que diz “Welcome to Riverdale!” e que na parte de trás tem grafitado “SSS” = South Side Serpents, “JJ waz here” = Jughead Jones esteve aqui/Jason esteve aqui (o irmão de Cheryl a quem ela chamava JJ), uma coroa = Gargoyle King e “Murder capital of the world” = capital mundial dos homicídios (o que pode ser bem verdade).
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  • Por fim, no episódio 03×06, Hilda está prestes a transforma-se completamente numa aranha e pede a Dr. Cee que vá a Riverdale buscar hambúrgueres e batidos. Como se não bastasse a referência direta à cidade vizinha, quando Dr. Cee regressa traz na mão os icónicos batidos do Pop Chock’Lit! Ah e mais uma coisa. Hilda aparentemente comeu um membro dos Serpent – o homem que entrou na loja depois de Cee sair trazia vestido um casaco do gangue mais conhecido de Riverdale e arredores.

 

Personagem de Destaque:
Ambrose Spellman (Chance Perdomo):
De todas, Ambrose volta a ser a minha personagem favorita da temporada. Após redimir-se de ter ficado do lado de Father Blackwood, Ambrose voltou ao esplendor que nos apresentou na 1.ª temporada. A dupla que formou com Prudence foi dos pontos mais positivos destes oito novos episódios e mal posso esperar por ver o que o espera na próxima temporada. Chance Perdomo está novamente de parabéns pela sua fantástica interpretação.

Episódio de Destaque:
Episódio 7 – Chapter Twenty-Seven: The Judas Kiss – 
Este é o episódio em que tudo dá realmente para o torto. Praticamente todas as personagens morrem e uma cena em particular toca no âmago: a da morte de Prudence. A representação de Perdomo nestes momentos é de levar às lágrimas; sentimos a dor de Ambrose ao perder um grande amor nos seus braços. É também neste episódio que uma vez mais a ignorância de Sabrina é deixada à vista quando coloca o saco das moedas na mão do suposto Judas. Felizmente, tudo acaba por correr pelo melhor, mas no final deste sétimo capítulo ficamos com um sentimento de perda, de incredulidade e que tudo acabou em desastre como ainda não tínhamos sentido em nenhum outro episódio da série.

Beatriz Caetano

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