[Contém spoilers]
Temporada: 8
Número de episódios: 10
“My name is Oliver Queen”.
Depois de oito anos, Arrow chega ao final. Foi a série que originou o Arrowverse e impulsionou as adaptações televisivas de muitos dos super-heróis da DC. Foi também graças a Arrow que muitos espectadores indiferentes às aventuras e desaventuras de personagens com ou sem poderes, mas cujo objetivo principal é salvar os inocentes de vilões que nunca param de chegar, começaram a ter interesse por estas narrativas. Arrow iniciou um legado sem comparação na televisão, mudando o paradigma daquilo que era feito até à sua estreia. Super-heróis sempre existiram na TV, mas nunca um universo inteiro fora criado a propósito de uma personagem em concreto e da sua missão de vida: salvar a sua cidade.
Arrow iniciou a sua jornada através de um caminho mais sombrio e ousado do que as séries que lhe foram sucedendo. Eventualmente, também a série do arqueiro verde aliviou o seu ambiente pesado ao introduzir determinadas personagens mais cómicas e inclusive dando a Oliver momentos de fazer soltar uma gargalhada. Contudo, por mais que o enredo se tenha afastado da premissa inicial, com o passar das temporadas, o panorama negro da vida do protagonista continuou sempre presente de certa forma; podíamo-nos rir com certas cenas, mas a sombra do assassino que Oliver fora outrora estava sempre à espreita.
Numa série com oito temporadas é natural que nem todas tenham sido aquilo que estávamos à espera. Algures entre a 4.ª e a 6.ª houve muitas coisas que não correram bem e foi aí que começamos a ficar um pouco desiludidas com a série. A mudança da Team Arrow não foi uma boa jogada a nosso ver; não conseguiram criar o impacto da equipa original nem fizeram com que nós, espectadores, sentíssemos empatia para com os novos membros. Apenas na 7.ª voltámos a sentir que estávamos a ver a série à qual nos tínhamos rendido durante os primeiros 23 episódios exibidos em 2012 e foi também nessa altura que descobrimos que a 8.ª temporada seria a última. Pior do que isso: quando Oliver alcança finalmente a felicidade que tanto desejou, explode a bomba de que o arqueiro de Star City não sobreviveria à sua próxima missão e que o Arrowverse se despediria da personagem que lhe deu origem.
Crisis on Infinite Earths ditou o maior crossover televisivo de sempre, mas não o melhor. Todos os sete episódios de Arrow que antecederam o capítulo do crossover focaram-se no esforço de Oliver em tentar alterar o seu destino e em perceber, simultaneamente, que não o conseguiria. Portanto, contentou-se em despedir-se de todas as pessoas que pôde, o que, claro, resultou em episódios cheios de nostalgia, algumas lágrimas derramadas e tristeza pelo que iria terminar. Ainda assim, este não foi o final que Arrow e Oliver Queen mereciam. Não foram 10 episódios que encantassem e que nos deixassem realmente contentes com a história final. Para uma série que criou todo um mundo televisivo DC, Arrow merecia mais. Desde uma temporada final que nada mais fez senão escalar até um crossover que confessamos ter ficado altamente aquém, a tentar introduzir um spin-off que parece trazer mais do mesmo.
Dos já escassos capítulos que trariam o fim à missão do playboy milionário tornado herói, dois deles foram desperdiçados num crossover que não fez jus a todo o build-up e expectativas criados e na introdução de mais uma série nascida de Arrow que não conseguirá nunca igualar a qualidade das três primeiras temporadas da série-mãe e, possivelmente, acabará por cair no ridículo ao tentar continuar a explorar uma história que chegou ao fim.
Para quem se apaixonou por Arrow no início, foi uma desilusão grande este final. Merecia mais. Parece que os criadores, ao se afastarem e se dedicarem ao impulsionar de outras séries do Arrowverse, deixaram descurar a qualidade que a série tinha nas temporadas iniciais. Até mesmo a despedida das personagens soou demasiado forçada. Pondo a questão desta forma: começamos uma série cheia de mistério e cheia de receio e suspense sobre quem será o arqueiro; terminamos a mesma série – que deixa um legado incrível – com todas as personagens que no início era impensável sequer saberem quem era Arrow a achar normal esta coisa de haver um multiverso e noutra vida terem morrido. Certo que não são as mesmas pessoas, mas então, sendo assim, não foi despedida nenhuma.
Sete episódios a anteceder o crossover com uma missão que parecia que ia eclodir num cenário incrivelmente catastrófico, um episódio parte integrante do crossover que se pode considerar mediano, um episódio a introduzir um spin-off e o episódio final com tanta inconsistência que só não caímos da cadeira por pouco. É uma pena, mas Arrow vai deixar saudade. Mais que não seja pela qualidade que trouxe inicialmente e que se foi perdendo. Mais que não seja por ter sido a mãe de todas as outras. E vai deixar sempre o dissabor de que podia ter sido muito melhor trabalhada e explorada do que aquilo que foi.
Até sempre, Oliver Queen. You can rest now, the universe is safe.
Personagem de Destaque:
Oliver Queen (Stephen Amell) – A personagem de destaque nem poderia ser outra. Oliver Queen e, por consequência, Stephen Amell, são a cara desta série incrível (e que poderia ter ido um nível mais além). Fosse o ator outro e talvez a série não tivesse tido o sucesso que teve. Tivemos a oportunidade de ver a evolução e a transformação de uma personagem que nos é introduzida como um jovem sem grande cérebro, que gosta de festas e de gastar dinheiro, que passa depois por todas as tormentas imagináveis, acabando por se transformar num herói, sacrificando-se para que o universo pudesse ser salvo.
Episódio de Destaque:
Episódio 3 – Leap of Faith – Não havendo verdadeiramente um episódio que tivéssemos considerado excecionalmente bom, aquele que nos salta à memória é o terceiro. Este é o episódio de despedida de Thea que, apesar de ter ficado um pouco aquém (esperávamos mais deste adeus), nos trouxe bons momentos e muitas memórias. Mas a melhor parte vai mesmo para o final, quando Mia, William e Connor são transportados ao passado, “aterrando” no bunker da Team Arrow mesmo em frente aos respetivos pais. Essa cena é talvez das mais marcante da temporada e também das mais bem realizadas e interpretadas.
Beatriz Caetano e Joana Henriques Pereira