Spinning Out – Review da 1.ª Temporada
| 23 Jan, 2020

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Temporada: 1

Número de episódios: 10

Spinning Out foi, na minha opinião, uma estreia tímida do início desta nova década. E porquê tímida? Porque apesar de ter ouvido falar sobre a produção e de saber que incidiria no tema da patinagem no gelo, não li nada sobre a série (à exceção da review do piloto escrita aqui no site) nem ouvi ninguém dizer que viu e adorou, como eu.

Apesar de pouco ou nada saber sobre a série, houve duas coisas que me despertaram o interesse: ter como tema uma modalidade desportiva que sempre me fascinou e a protagonista ser Kaya Scodelario. Estes dois ingredientes já tinham tudo para dar certo, mas todos os outros que foram adicionados deixaram-me completamente rendida a Spinning Out.

Admito que esta não é uma daquelas séries espetaculares em termos de enredo, de profundidade da história que conta, da extrema complexidade das personagens. Mas o facto de viciar o espectador logo a partir do primeiro episódio diz muito. Confesso-vos que vi a temporada inteira em menos de um dia e que perdi umas boas horas de sono nessa noite. Mas se cheguei ao fim com o sentimento de ter assistido a uma boa série, que me cativou e deixou a ansiar por mais talvez aquelas horas de dormida a menos não tenham sido realmente um desperdício.

Spinning Out fez-me lembrar aquelas séries teen que costumavam dar aos fins de semana de manhã nos canais generalistas. Não sei precisar nenhuma em concreto, mas todo o ambiente de romance, de drama, de tragédia e de comic relief transportou-me de novo àqueles tempos em que ainda não tinha noção que dormir até tarde é das melhores coisas e pouco depois das nove da manhã já estava em frente à televisão pronta para mais um capítulo repleto de redemoinhos de sentimentos.

Ainda que, de forma geral, o argumento da série seja superficial – uma patinadora prodígio, daquelas que só aparecem uma vez por geração (como, aliás, é referido nos episódios) sofre uma queda que a traumatiza e que a deixa receosa de voltar a patinar profissionalmente -, creio que todas as personagens desempenham um papel muito peculiar e que adicionam o seu “quê” à série. Até mesmo as mães das outras patinadoras secundárias dão o ar da sua graça. Desde a irmã mais nova de Kat, a Dasha (claro que tinha de ser russa), passando por Mandy e pelos gémeos Davis, todas as personagens são ridiculamente óbvias e estereotipadas, mas ao mesmo tempo atraentes. Bem, diria que os gémeos foram um pouco exagerados na sua burrice e ignorância, mas não se pode ter tudo.

Confesso que Kat e Justin despertaram em mim todo o romance que aqui está escondido. As suas cenas fizeram palpitar o meu coraçãozinho que só pedia para que ficassem juntos. A rapariga com problemas que, apesar de os tentar esconder, todos sabem que os tem, e o rapaz que aparentemente leva uma vida perfeita, mas que no fundo tem daddy issues são o meu tendão de Aquiles. Acho que a trama nem teria funcionado tão bem se eles não estivessem envolvidos romanticamente e deixem-me que vos diga que Kaya e Evan Roderick têm química para dar e vender…

Um dos pontos mais fortes da série e que a consegue elevar a outro patamar que não só o de drama de adolescentes/jovens adultos é o da abordagem da doença mental. A bipolaridade é uma realidade para muita gente e Spinning Out faz um excelente trabalho em apresentar-nos as complicações que traz às vidas das pessoas que com ela vivem diariamente. Mesmo quem não tem a doença. Serena, apesar de se tornar irritante a partir de certo ponto, é o exemplo dos “efeitos secundários” que as doenças mentais têm quando não são tratadas devidamente. Tanto January Jones, que dá vida a Carol, como Kaya fazem uma interpretação de louvar no que toca a esta assunto, especialmente quando estão a passar por um dos surtos.

Mas como nem tudo pode ser coisas boas, tenho uma crítica negativa a fazer. Sei que dificilmente conseguiriam encontrar atores com as capacidades de patinagem que se veem nos episódios, mas as cenas das competições e dos treinos deixavam bem explícito que quem estava a fazer todas as acrobacias não eram Kaya e Evan. Quando as séries envolvem algum tipo atividade profissional o meu olhar fica automaticamente mais atento para tentar perceber se a produção fez um bom trabalho a tentar disfarçar que não são verdadeiramente os atores a realizá-las e, infelizmente, Spinning Out falhou nesse aspeto. Talvez o objetivo da produção nunca tenha sido o de esconder, mas para quem vê não é o mais satisfatório. Pelo menos para mim.

Personagem de Destaque:

Kat Baker (Kaya Scodelario) – Na minha previsibilidade, a personagem de destaque é Kat Baker. Ela é a alma da série e tudo o resto são complementos. Ainda que com um desenvolvimento óbvio, Kat surpreende-nos várias vezes ao longo dos 10 episódios e a interpretação de Kaya é de louvar. A atriz consegue trazer ao de cima todas as pequenas nuances da personagem que interpreta, o que nos atrai imediatamente e nos leva a torcer por Kat.

Episódio de Destaque:

Episódio 8 – Escolher um episódio que se destaque foi difícil, porque, honestamente, gostei de todos. Contudo, é em Hell Is Real que vemos em larga escala as consequências da escolha de Kat em parar de tomar a medicação. É também neste episódio que Kaya brilha mais uma vez na sua performance. A festa que Kat organiza espontaneamente vira-lhe a vida do avesso num piscar de olhos e tudo aquilo que tinha até então desvanece-se.

Beatriz Caetano

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