Temporada: 2
Nº de episódios: 10
(Atenção: esta review pode conter spoilers!)
No passado dia 30 de maio, a 2.ª temporada de Marvel’s Cloak & Dagger chegou à sua conclusão. Se ainda não estão familiarizados com a série, esta segue Tyrone Johnson (Aubrey Joseph) e Tandy Bowen (Olivia Holt), dois jovens adolescentes com vivências bastante diferentes que adquiriram super-poderes após um acidente que veio a mudar para sempre as suas vidas. À medida que a sua amizade se vai desenvolvendo, os dois percebem que os seus poderes funcionam melhor em conjunto e tentam usá-los para melhorar um pouco o seu mundo.
Após uma excelente 1.ª temporada que fez com que considerasse esta série a minha favorita do universo cinematográfico da Marvel, as minhas expectativas para com Cloak & Dagger eram bastante elevadas. Admito que, por essa razão, sentia alguma ansiedade em ver esta nova temporada. E se não fosse tão boa como a primeira? Quantas são as séries que começaram bastante bem e desiludiram na sua segunda ou terceira temporada? Bom, hoje posso dizer que as minhas preocupações não tinham grande fundamento. Se é verdade que a 1.ª temporada de Cloak & Dagger continua a ser a minha preferida da série, também é verdade que esta sua segunda não desiludiu.
Se viram a 1.ª temporada, sabem que esta terminou com um grande cliffhanger para uma das personagens da série. Brigid O’Reilly (Emma Lahana) regressou a esta temporada com Mayhem, a sua segunda personalidade, criada pelas mesmas forças que conferiram poderes a Tandy e Tyrone. Ora, não estando familiarizada com os livros de banda desenhada de Cloak & Dagger, assumi que Mayhem não seria nada mais do que a vilã desta temporada. Claramente, não poderia estar mais errada. Sim, Mayhem apresentou-se como uma personagem um pouco problemática e, durante algum tempo, cheguei mesmo a acreditar que algo iria mudar para pior, mas esta acabou por se vir a tornar num tipo de vigilante, usando os seus poderes para praticar o bem – se bem que sempre com métodos questionáveis.
O verdadeiro vilão desta temporada foi outra personagem – muito mais detestável que Mayhem, mas também muito mais desinteressante. É aqui que se prende a minha grande crítica a esta temporada: na escolha de vilão e em toda a narrativa à sua volta. Cloak & Dagger decidiu focar-se em questões de violência doméstica, tráfico humano e prostituição. Até aqui, tudo bem. Acreditava que a temporada tinha tudo para ser bastante interessante, ainda para mais quando o segredo de Andre Deschaine (Brooklyn McLinn) foi revelado. Mas a verdade é que pouco a pouco senti-me aborrecida pela história, talvez pelo facto de Andre não ser, de todo, um vilão pelo qual sinto qualquer tipo de empatia (o que pode bem ter sido a intenção dos escritores – afinal, não é suposto sentirmos pena de pessoas com más intenções). Isso, aliado ao facto de achar que a história dos abusos causados a várias personagens não ter sido aprofundada o suficiente, “desligou-me” um pouco desta temporada.
Mas, se estamos a ser honestos, o aspeto de maior interesse na série sempre foi e sempre será a relação entre Tandy e Tyrone. É esta relação, com os seus altos e baixos, que faz com que a série ande para a frente. À semelhança do que ocorreu na temporada anterior, Tandy e Tyrone continuam a trazer ao de cima as melhores qualidades do outro e, assim, continuam a evoluir enquanto pessoas, evoluindo também os seus poderes. Esta nova proximidade entre os dois – aliada a um ou outro acontecimento desta temporada – deixa muito a desejar para o futuro de ambos enquanto possível (e, sejamos honestos, provável) relação amorosa. O final da temporada deixa ainda muito mais espaço para explorar novos cenários e novas possibilidades para os nossos heróis.
No geral, esta temporada de Cloak & Dagger foi quase tão boa quanto a primeira, perdendo pontos de um lado, mas ganhando-os de outro. Em termos técnicos, a qualidade da série manteve-se sólida, com a escrita e a realização a reafirmarem-se como pontos fortes. Houve também um aumento na quantidade de cenas em que efeitos especiais foram usados (o que talvez aponte para um aumento no budget da série por parte da Freeform), o que se traduziu em mais cenas de luta do que na temporada anterior – algo que, decerto, muitos espectadores apreciaram. Pessoalmente, um dos meus aspetos favoritos da série é a sua banda sonora, que nesta temporada contou com uma participação do próprio Aubrey Joseph.
Apesar de uma 3.ª temporada ainda não estar confirmada, parece-me bastante provável que a mesma virá a ser anunciada dentro em breve. Talvez esta nos traga um possível crossover com Marvel’s Runaways (Hulu)? Apenas o tempo o dirá.
Melhor episódio:
Episódio 6 – B Sides – Escolher o meu episódio favorito desta temporada provou-se um desafio. Enquanto o primeiro e o último episódio da temporada me passaram pela mente, a verdade é que B Sides, o sexto episódio desta temporada de Cloak & Dagger se destacou dos restantes, pelo menos para mim. Neste episódio, vemos diferentes cenários alternativos sobre a vida de Tandy, cada um progressivamente pior que outro, plantados na sua mente por Andre de modo a fazer com que esta seja “quebrada” e facilmente manipulada pelo nosso vilão. Tandy acaba por não ser capaz de resistir quando Andre a faz acreditar que Tyrone está morto, o que faz com que Tandy perca temporariamente os seus poderes.
Personagem de destaque:
Tandy Bowen – Talvez seja um pouco tendenciosa, uma vez que Tandy foi, também, a minha personagem favorita na 1.ª temporada. Mas a verdade é que Tandy continua a evoluir a olhos vistos, afastando-se cada vez mais da pessoa que era aquando do início da série. As coisas com as quais ela teve que lidar nesta 2.ª temporada definitivamente influenciam esta minha decisão, colocando-a um pouco acima de Tyrone no meu ranking de melhores personagens da temporada. Ainda que Tandy seja, para mim, a personagem de destaque, acredito que Mayhem e Evita (Noëlle Renée Bercy) devessem ser aqui tidas como “menções honrosas”. A primeira, por ter trazido algo de novo e interessante à série; e, a segunda, por ter sacrificado tudo para ajudar os nossos heróis, a grande custo pessoal.
Inês Salvado