The Rain – Review da 2.ª Temporada
| 23 Mai, 2019

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Temporada: 2

Número de episódios: 6

Contém spoilers!

The Rain começa a 2.ª temporada exatamente onde acabou a primeira. Simone e companhia estão num carro a tentar fugir do pessoal da Apollon que os quer capturar ou, mais precisamente, quer capturar Rasmus.

O pai de Simone e Rasmus dá-lhes um papel com as coordenadas do único sítio em que poderão ser capazes de encontrar uma cura para o vírus e, consequentemente, livrar Rasmus do destino que o espera. Quando chegam a esse local, o grupo dá de caras com um grupo de cientistas que vive numa base escondida à procura de uma cura para o vírus.

Logo no primeiro episódio percebemos que a ligação de Rasmus com o vírus é bastante pior do que pensamos. Enquanto os dois novos conhecidos cientistas do grupo queimam natureza infetada com o vírus, Rasmus começa a sentir que está a ser queimado vivo e é aqui que se percebe que a ligação de Rasmus ao vírus é bem mais complicada do que parece. No final do episódio, esta ligação é ainda mais adensada, pois ao tentarem extrair sangue para fazer análises a Rasmus, o vírus reage e mata todos os que se encontram na mesma sala que ele.

Rasmus fica sem saber o que aconteceu durante grande parte da série, pois Simone, a única que testemunhou o sucedido, mente, dizendo que Jakob deixou cair uma amostra e que foi isso que os matou. A relação de Simone e Rasmus continua a mesma que na temporada anterior, com ela continuamente a agir como se fosse mãe dele e com o único objetivo de o proteger e livrar do vírus.

Durante toda esta jornada da procura de uma cura para o vírus, as relações entre os membros dos grupos vão sendo abaladas. Os membros do grupo começam a alhear-se uns dos outros e as discussões começam a ter lugar com mais frequência.

Apesar de toda esta fricção que existe entre eles, surge uma ligação bastante bonita entre Rasmus e Sarah (Clara Rosager), uma das novas personagens, que vive com uma doença que a impede de sair de casa, pois à mínima infeção pode morrer. Estas duas personagens têm bastante em comum e, após ter perdido Beatrice, Rasmus começa a acreditar novamente no amor e este amor que surge entre eles é um sinal de esperança para ambos. Poder-se-ia pensar que iria ser difícil destacar uma relação íntima entre duas pessoas, uma vez que elas não se podem tocar,  mas a forma como ela é contada na série é bastante bonita. Dá para perceber que as duas personagens sentem carinho e se identificam uma com a outra e é por esta razão que Rasmus vai querer livrar-se do vírus, para poder estar com Sarah e para lhe poder tocar. As cenas de Rasmus e Sarah são das minhas preferidas nesta temporada. Conseguiram transmitir o amor que existe entre estes dois adolescentes sem cair em lamechices.

Falei da minha relação preferida da série e agora vou falar da que menos gostei: a de Lea e Jean. Achei que os dois atores que interpretam as personagens estiveram bastante aquém do exigido na 1.ª temporada e penso que não melhoraram assim tanto nesta segunda. Lea tornou-se uma personagem bastante irritante. Tão depressa quer uma coisa, como já não quer. Também não entendi qual a necessidade de a personagem pegar fogo ao que Jean tinha feito para ela na cave. Não foi uma relação por que torcesse e fiquei bastante contente com o que aconteceu a Lea no fim do 5.º episódio. Foi a partir deste momento que começámos a ver um Jean diferente, um Jean que tem realmente qualquer coisa por que lutar. Gostei bastante de ver este lado mais negro de Jean em ação. Já estava na altura de dar um “empurrãozinho” a esta personagem para que se tornasse mais interessante.

O final da temporada não foi o meu episódio preferido, mas serviu como uma excelente metáfora para as relações entre pais e filhos (ou qualquer outra relação com o mesmo peso). No decorrer do episódio não se conseguia perceber como iria terminar e qual teria sido a escolha feita pelos argumentistas da série para deixar um fim em aberto e em suspense de modo a deixar todos ansiosos pela próxima temporada. Os minutos finais são decisivos e a última cena deixa várias perguntas no ar. A “batalha final” entre Simone e Rasmus mostrou que nos podemos preocupar muito com uma pessoa e fazer tudo por ela, que ela pode nem sempre estar-nos grata ou pode simplesmente querer seguir o seu próprio caminho (reforço esta última parte). Percebo completamente o ponto de vista de Simone, mas Rasmus já tem idade para e também já tinha demonstrado vontade de fazer as suas próprias escolhas. É importante para uma personagem, ou uma pessoa na vida real, poder fazer as suas próprias escolhas e poder aprender com os erros para crescer como pessoa. Se houver sempre alguém a dizer-nos o que fazer e a impedir-nos de nos magoarmos, nunca iremos conseguir seguir em frente e evoluir como seres humanos. É claro que esta reação de Rasmus está implicitamente relacionada com o que aconteceu a Sarah, mas também senti que transmitiu a mensagem que mencionei acima, pois a personagem já tinha vindo a dar pistas ao longo dos episódios. Se nos pusermos no lugar de Simone, percebemos que ela teve de tomar uma decisão bastante difícil e que uma decisão daquelas pode acontecer com qualquer um de nós em qualquer momento da vida. A determinada altura poderemos ter de fazer escolhas que poderão magoar aqueles de quem mais gostamos, mas que estão a ser feitas para o bem deles, mesmo que não o percebam na altura.

No geral, achei a temporada melhor do que a anterior, que me tinha deixado com poucas expectativas para esta, principalmente pela qualidade da representação. Estava à espera que a “revolta” de Rasmus se desse no início e que a série se desenvolvesse à volta disso, mas não aconteceu e ainda bem, pois demonstra que podemos lutar contra os nossos demónios e vencê-los. Teria gostado que Rasmus não tivesse cedido de modo a que a série não caísse no cliché deste tipo de histórias, em que a personagem cede sempre ao lado negro e depois há todo um caminho a percorrer para voltar a sair dele (presumo que seja este o caminho que a 3.ª temporada – se renovada – vai seguir). Pontos positivos: houve menos momentos à Teen Wolf, como eu lhes costumo chamar, que são quando os adolescentes começam aos beijos e entra aquela música pop moderna que estraga a cena toda e torna aquilo tudo num filme medíocre para adolescentes, e houve mais valorização das personagens, das relações entre elas e dos seus sentimentos. Além disso, estamos a falar de entretenimento e nesse campo a série tem nota máxima.

Melhor Episódio:

Episódio 4 – Escolho este episódio por causa de todos os momentos entre Rasmus e Sarah e a ida deles ao parque de diversões. Como já referi, esta relação foi a parte de que mais gostei em toda a temporada e estas cenas demonstram bem a relação que existe entre os dois.

Personagem de destaque:

Rasmus (Lucas Lynggaard Tønnesen) – Escolhi Rasmus porque vemos uma evolução muito grande entre o Rasmus da 1.ª temporada e o Rasmus da segunda. A montanha-russa de emoções por que vai passando, a sua relação com Sarah, a vontade de ser livre e de seguir o seu próprio caminho, a indecisão sobre se há de ou não livrar-se do vírus tornaram-no numa personagem mais complexa e interessante.

Cláudia Bilé

 

 

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