Chambers foi para onde corri depois de ter tropeçado nesta nova série de terror da Netflix. Nada temam, seriólicos, passei por aqui exatamente para vos contar a minha história.
O meu primeiro erro: depositar as minhas esperanças e expectativas nesta nova série. Ora, se por um lado o primeiro episódio capta a atenção de qualquer um, a partir daí tudo desvanece, exceto o cansaço. Tony Goldwyn e Uma Thurman nada puderam fazer para evitar esta desinteressante série.
Colocando-vos a par, a história, que se perde entre uma tentativa de melodrama e sobrenatural, narra como o enfarte de uma jovem tipicamente americana a leva a ser recetáculo de um coração transplantado possuído por algo que, inicialmente, a confunde com sonhos e alucinações que nem a própria entende. Nesta senda (claramente sempre a mesma), a jovem Sasha procura saber a que se deve, levando-a cada vez mais a ser e estar como a outrora dona do seu coração, Becky. Façamos um aparte: o primeiro episódio é cativante exatamente porque nos vemos a querer deslindar, na companhia de todos os envolvidos, o que efetivamente ocorreu. Mas depois… oh, depois vem o segundo, o terceiro e os restantes… uma temporada de dez episódios onde creio, honestamente, que cinco teriam sido o suficiente. O problema? Na minha opinião tentaram chegar a vários temas, debatê-los de forma volátil, o que levou a que nenhum ficasse descortinado.
Voltando à nossa história, Sasha vê-se assim envolvida no seio da família da jovem falecida, que, da melhor forma, lhe providencia a qualidade de vida que nunca teve – nomeadamente pagando as propinas do colégio privado onde Becky estudava e deixando-a utilizar o carro desta -, dado habitar bastante longe da vila de classe média/alta. E, previsivelmente, são estes caminhos sinuosos que a levam a tornar-se cada vez mais como Becky, a sentir o seu lado mais malicioso, começando este a sobressair, fazendo Sasha desenvolver diferentes traços de personalidade.
E sabemos que fomos abençoados com paciência divina quando, tal e qual um mosquito em embate violento no vidro do carro, percorremos estatelados no ecrã os seguintes temas: namorado, amiga e tio que procuram ajudá-la a relembrar quem é, o quanto é amada e para que não desista dela mesma; uma Uma Thurman fantástica a ilustrar a dor de perder a filha, querendo reviver Becky, mas querendo ajudar Sasha, num egoísmo próprio do ser humano que se torna em algo gracioso por se mascarar no coração de mãe; a possibilidade de um coração nos tornar noutra pessoa, ainda que seja um espírito malévolo; a culpa que não nos permite seguir em frente; and so on… todo um leque de clichés anunciados.
Ainda assim, viciados em terror, acredito que todos devam dar a sua oportunidade à série. Cada um viaja neste mundo à sua maneira!
Melhor episódio:
Episódio 10 – Perdoem-me… os spoilers foram necessários para que entendam que a única parte interessante foi o episódio de destaque, o último. Presenteiam-nos com o cantinho mais falado do coração, onde Sasha luta para enfrentar Becky e ganhar a luta contra o mal (reflete a sailor moon que havia nela, achei adequado o tributo!). A nada vil Becky, que tentava proteger os que cá ficam, morre e a Sasha sobrevive, deixando-nos a ínfima esperança de que a 2.ª temporada seja menos maçadora. Vou vê-la no meu chambers, porque acredito no benefício da dúvida. E na Netflix.
Personagem de destaque:
Yvonne – Se ouviram dizer que a melhor amiga da Sasha, Yvonne, interpretada pela Kyanna Simone Simpson, desempenhou perfeitamente o seu papel, deixem-me concordar. Surgiu de mão dada a uma personagem secundária que tornou o suplício menos penoso, pela habilidade e capacidade de chegar a nós.
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