Bonding – Review da 1.ª Temporada
| 29 Abr, 2019

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Temporada: 1

Nº de episódios: 7

Bonding é a nova série de comédia da Netflix que conta as aventuras de Pete, um aspirante a comediante de stand-up que é contratado pela sua melhor amiga do secundário, Tiff, para ser seu assistente e segurança. O que ele não sabe é que a melhor amiga é uma dominatrix profissional, conhecida por Mistress May, e que o seu novo emprego vai tirá-lo completamente da sua zona de conforto.

Com sete episódios que se veem num piscar de olhos, não só pela sua curta duração como pelo seu ritmo interessante e engraçado, Bonding traz um pouco do “submundo” do BDSM, dos fetiches sexuais e do trabalho sexual para o pequeno ecrã, mantendo os temas leves e envoltos em bom humor, ao mesmo tempo que mostra a humanidade e “normalidade” das vidas de quem trabalha na indústria do sexo e da sexualidade.

A série é, segundo consta, baseada nas experiências pessoais do seu criador, o que não a livra de algumas falhas que podem (e estão a) ser criticadas pelas audiências, e em particular por dominatrixes da vida real. Em especial pela cena com o cliente do último episódio, muito improvável de acontecer se todas as medidas de segurança aplicadas em situações reais fossem seguidas, ou mesmo por certas incongruências de acessórios e guarda-roupa ao longo dos episódios, que a olhos mais entendidos demonstram alguma falta de seriedade e aconselhamento aquando da criação da série.

Contudo, qual não é a série que desvaloriza as realidades profissionais para fazer as suas histórias? Vemos isso inúmeras vezes em séries de médicos, advogados ou policiais. Aqui talvez devesse ter havido mais algum cuidado ao retratar a profissão dado que é algo ainda muito pouco explorado e que poderá deixar as pessoas com ideias erradas. Mas no fundo, creio que Bonding, na sua simplicidade e ânimo leve, consegue acertar pelo menos naquilo que é mais importante, que é fazer entender que as profissionais do sexo são seres humanos como quaisquer outros. Com os seus dias bons e maus, ambições, incertezas, medos, alegrias e tristezas.

As duas personagens principais, Pete e Tiff, as únicas que realmente interessam e pelas quais nos apegamos na série, não deixam de ser personagens um pouco estereotipadas e rasas, mas ao mesmo tempo completam suficientemente bem a sua missão.

Pete, o homossexual inseguro de si próprio e do seu potencial, acaba por ter uma jornada interessante (embora bastante previsível) ao envergar o seu alter ego Carter, não só como assistente de Mistress May, como posteriormente com o culminar da temporada. Já o desenvolver da sua relação com Josh é muito irrelevante e não traz grande coisa para a série, tornando as cenas com Josh quase irritantes por estarem a ocupar tempo precioso aos episódios. Até as cenas entre Pete e Fred (o gajo do xixi) trazem mais para o desenvolvimento pessoal de Pete do que toda a relação dele com Josh.

Já Tiff, interpretada por uma surpreendente e não muito conhecida Zoe Levin, tenta balancear a sua vida dupla e as suas inseguranças de uma forma que, embora por vezes não seja muito convincente, acaba por nos contentar. Ela enverga ainda uma faceta de feminismo muito importante e que é aproveitada para tocar em assuntos relevantes como desigualdade de género e assédios/abusos sexuais. Tenho pena que a dualidade externa e interna da sua personalidade não tenha sido um pouquinho mais bem explorada, porque acaba por dar a sensação de que falta ali alguma peça, mas a verdade é que Zoe Levin brilha na sua interpretação, pelo que vou culpar os guionistas pelas falhas.

A série não é brilhante, provavelmente não faz jus à profissão e realidades que estão na sua base e não é o melhor que talvez poderia ser, mas é agradável, leve, cumpre a sua premissa e é cheia de bons momentos de comédia.

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Melhor episódio:

Episódio 5 – Double Date – Eu sei que já disse que a relação entre Pete e Josh não me fascinou minimamente visto que não traz nada para o personagem, mas curiosamente o episódio em que acompanhamos em paralelo o encontro entre Pete e Josh e o encontro entre Tiff e Doug acaba por ser aquele que eu considero o melhor da temporada. Não será espanto eu dizer que assim o é não tanto pela parte de Pete e Josh, mas pelo conflito entre Tiff e Pete e pelo desenvolvimento do encontro entre Tiff e Doug. Além disto, no geral, o episódio está muito bem realizado, com as cenas em paralelo e os contrastes que vão surgindo.

Personagem de destaque:

Doug – Como ambos os protagonistas estão muito em pé de igualdade e escolher entre eles seria difícil, decidi dar destaque a uma das únicas personagens secundárias que realmente evolui ao longo da série e se torna mais que um elemento decorativo ou acessório. Doug, inicialmente, parece-nos um simples parvalhão universitário que se tenta meter com Tiff, mas à medida que o vamos conhecendo ganha bastante mais profundidade e dimensão, tornando-se em alguém por quem até torcemos e sentimos qualquer coisa, para além de contribuir ainda para a evolução da própria história da nossa protagonista.

Mélanie Costa

 

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