Mytho: quando uma mentira vai longe demais
| 22 Out, 2021

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[Contém spoilers]

Tenho andado a explorar séries mais desconhecidas que estão nos serviços de streaming e, com uma certa queda para as produções francesas, fiquei com vontade de espreitar o episódio piloto de Mytho. Trata-se de uma série que estreou em outubro de 2019 no canal Arte e que mais tarde ficou disponível na Netflix, sendo que a 2.ª temporada chega já no dia 29 de outubro.

Mytho, para além de ser o título da série, é o termo abreviado da palavra francesa “mythomane”, muito semelhante ao termo português que se traduz por tendência patológica para a mentira. É precisamente esse o mote para a série: uma grande mentira. Elvira tem uma vida complicada: uma prole de três (e todos sabemos que é difícil aturar canalha, ainda para mais quando chegam à adolescência); o companheiro é daqueles que não fazem nada em casa; e ela tem que conciliar o trabalho, no qual está com alguns problemas, com todas as responsabilidades familiares. Além disso, Elvira anda a sentir uns caroços e vai ao médico, mas a verdade é que ela está de perfeita saúde física.

No entanto, Elvira decide dizer ao companheiro que o exame detetou um tumor. Sinto-me à vontade para dizer que ela não o faz por maldade, que foi apenas uma decisão estúpida e impulsiva, resultado de muito stresse e de uma sensação de que é invisível aos olhos dele, ainda para mais porque suspeita que está a ser traída. Resulta na perfeição! O homem desatento que ela conhece de repente passa a levar-lhe o pequeno-almoço à cama, prepara a filha mais nova para ir para a escola, começa a fazer tarefas com que se tinha comprometido, mas que nunca concretizara, e até pensa seriamente em terminar tudo com a amante (mas isso Elvira não sabe, claro! Ela nem tem a certeza acerca da traição).

No meio de toda esta confusão, a caçula da família ouve que a mãe está doente. Não era suposto e agora vive numa grande crise de ansiedade, coisa que me parece mais do que justa, visto que guardou tudo para ela. Elvira ainda pensa contar a verdade ao companheiro, mas ele não lhe dá muita margem de manobra e então a mentira é mantida.

Acho que a série até tem uma premissa engraçada; aliás, trata-se de uma comédida dramática, mas a concretização não é tão boa quanto pensei que pudesse ser. Acho que a série beneficiaria de episódios mais curtinhos (este primeiro tem 41 minutos e os outros são ainda maiores), com cerca de meia hora. Atrevo-me até a dizer que como minissérie provavelmente faria mais sentido do que tendo várias temporadas. Não estou a imaginar esta história a render por muitos episódios.

Não há nada de verdadeiramente negativo a apontar neste episódio piloto, mas a verdade é que também não há grande coisa a destacar. O elenco é competente, mas não é extraordinário e não consegui sentir ligação a nenhum dos personagens; a banda sonora não é má, mas também não é marcante; o argumento é perfeitamente razoável e a realização também, mas, lá está, é apenas isso. Em resumo, não desgostei, mas não fiquei com grande vontade de ver mais. No entanto, não vou dizer para não dares uma oportunidade à série. Posso é referir que, se gostas de produções francesas, há outras como Le Bazar de la Charité e La Forêt, também disponíveis na Netflix, que valem certamente a pena.

Diana Sampaio

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