Modern Family: quando ainda se faziam boas comédias
| 24 Fev, 2021

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[Não contém spoilers]

Modern Family estreou em 2009, na ABC, e terminou o ano passado, mas deu-me vontade de a recordar e decidi rever o episódio piloto, na Netflix. Comecei a acompanhar a série pela altura em que chegou aos ecrãs de televisão portugueses, mas a determinada altura achei que tinha começado a perder a piada, o que é natural ao fim de alguns anos, e portanto deixei de ver regularmente, embora tenha apanhado mais uns quantos episódios.

No centro da história encontra-se uma família dividida em três núcleos: num temos Jay, o patriarca e a esposa, uma mulher mais nova, e o filho desta, com 11 anos; noutro temos Claire, filha de Jay, o marido e três filhos, com idades entre os 10 e os 15; e, por fim, Mitch, o filho de Jay, o seu companheiro e a menina que acabaram de adotar. Há personagens mais engraçados do que outros, mas se quiser ser justa, tenho que dizer que todos têm piada.

A série aproveita muito bem a diferença de idades entre Jay e Gloria, as relações entre os irmãos mais pequenos, bem como os estilos de parenting de cada um dos personagens mais velhos, como veículo humorístico. Os miúdos têm bastante piada, especialmente Luke, que é o mais pequeno antes de a bebé chegar à família. É daqueles putos fofos cujas bochechas apetece apertar, se bem que provavelmente já passou a idade para tal. É, sem dúvida, o elo mais fraco em termos de interpretação, mas isso não faz realmente mossa. Sofía Vergara mostra que um sotaque forte não tem nunca que ser motivo de vergonha (e o dela é fantástico) e a sua personagem revela-se uma das mais prometedoras, juntamente com Cam, o hiper dramático companheiro de Mitch. Ainda bem que assim é, porque Mitch não é a pessoa mais interessante deste mundo. Se querem que vos diga: ele até é ligeiramente boring. No entanto, a principal casa da animação é a dos Dunphy. Um pai que parece tão ou menos maduro que os filhos, uma mãe com tendência para a inconveniência… Enquanto casal são também os que me convencem mais.

A fórmula ao estilo mockumentary também merece destaque pela positiva, porque transmite uma sensação intimista, de maior proximidade com o público, permitindo-nos conhecer um bocadinho mais sobre cada um e algumas das suas relações. É uma daquelas séries que dão a boa sensação de que vai sempre correr tudo bem, que é precisamente aquilo que se quer de um formato leve de sitcom como este.

Posso prometer que a série se mantém boa e se recomenda durante várias temporadas, mas depois os miúdos crescem e a piada deixa de ser a mesma. É normal quando se atinge as 11 temporadas. No entanto, vale a pena ver, nem que não seja até ao fim, até porque Lily cresce e torna-se uma verdadeira pérola! Tal como já referi, a série encontra-se disponível no catálogo da Netflix, mas a partir de ontem tornou-se também uma aposta que podes ver no Disney+.

Diana Sampaio

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