Godless criou o mundo em sete episódios…
| 20 Fev, 2021

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… Mas ao sétimo acelerou porque o chefe estava farto de esperar!

[Contém ligeiros spoilers]

Permitam-me desde já salientar vivamente isto: a série é um delight para quem gosta de boa escrita e fantástica representação. A minissérie Godless conta a história de um Billy, the Kid que decide abandonar o gangue/família adotiva, roubar o dinheiro da sua figura paterna e fugir a uma vida que não mais reconhece. O seu refúgio é uma cidade habitada quase na totalidade por mulheres, que estão agora na mira de um bando de homens cruéis liderada por Jeff Daniels.

Durante seis episódios somos bombardeados com os vários arcos de um vasto elenco, sem nunca sentirmos ser demais. Há uma plena noção que o espetador não é burro e uma imagem vale mil palavras. Quando se sabe escrever um argumento com qualidade, há a perfeita noção que um grande ator não precisa de muito para tornar tudo cativante. A fantástica fotografia explora ao máximo o amarelo do faroeste e empresta tempo ao espetador, não só para perceber o que acontece, mas para desfrutar na totalidade… E Jeff Daniels é tão bom!

Não há uma única maçã podre neste cesto que faça um mau trabalho. Sim, o miúdo índio é algo cliché (miúdos são otários, seja qual for o século) e há arcos que terminam de forma frustrante (Whitey) ou que deixam vontade de saber mais (Martha). Mas para cada um desses casos temos o galáctico Jeff Daniels, um cativante Jack O’Connell e uma fantástica Merritt Wever. O texto ficaria ainda mais longo se destacasse cada um dos atores, mas acreditem quando vos digo que pouco merece destaque negativo. Nem mesmo o facilitismo em mostrar os seios da Downton Abbey Michelle Dockery estragam o pano… Mas raios, Jeff Daniels é tão bom!

O meu único problema com toda a viagem é que acaba de maneira tão… The Magnificent Seven. Sabendo que é uma minissérie, ao final do sexto episódio de Godless questionava-me de que maneira iriam pôr o laço em tanta prenda. Foi com alguma pena que vi tudo a ser resolvido à bala. Como salientei, é uma história de contemplação, de passo lento (não no sentido pejorativo), e o final não deixa de ser uma descaracterização. Deixa um ligeiro trago de cerveja quente na boca… Mas raios, Jeff Daniels é tão bom.

Ainda assim, é western feito bem. Beleza, profundidade e suficientes dedos no gatilho para agradar a muitos (não a todos). Especialmente se tiverem sono fácil e sofá confortável… e Jeff Daniels é tão bom!

Podes ver os sete episódios desta minissérie na Netflix.

Vítor Rodrigues

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