Chegou hoje ao Disney+ a minissérie Good American Family, um original da Hulu que se baseia no caso real de Natalia Grace, uma criança ucraniana com nanismo que é adotada por uma família americana que mais tarda alega que a menina é, na realidade, uma adulta. O casal chegou a ser acusado de negligência, mas parece não ter dado em nada. O que é um facto é que Natalia tem, legalmente, como data de nascimento o ano de 2003, o que significa que está estabelecido que era uma criança na altura em que vivia com a família.

O contexto é este, mas estou aqui para julgar o episódio piloto da série e não tenho coisas muito positivas para dizer. Como espectadora de Grey’s Anatomy durante largos anos, estou familiarizada com as capacidades de Ellen Pompeo enquanto atriz e, se quero ser sincera, chamar-lhes medianas é generoso. Aqui não são melhores, mas a verdade é que o elenco de Good American Family, de uma forma geral, não se sai bem. As personagens parecem muito ensaiadas e várias das relações parecem extremamente artificiais, nomeadamente o casamento de Kristine e Michael. Valha-nos Sarayu Blue, que tem um papel bastante pequeno, mas prova que o departamento de casting não tomou só más decisões. Os filhos de Kristine e Michael também não pareceram personagens forçados, mas os dois mais novos têm muito pouco tempo de ecrã, o que é pena.

A história, no entanto, parece um bocado absurda, mesmo esquecendo os contornos do caso real. Primeiro, o casal nem dorme na mesma cama e não parece ser capaz de comunicar. No dia seguinte, estão de mãos dadas e não conseguem parar de sorrir, como se uma nova criança na família magicamente resolvesse o que quer que seja que há para resolver. Depois, não há subtileza nenhuma na forma como contam a história. Natalia conhece os novos pais adotivos e começa de imediato a tratá-los por mamã e papá e parece haver logo um à-vontade imenso. Só que depressa a criança começa a parecer uma psicopatazinha, com cenas que envolvem facas e violência contra a mãe. Mais uma vez, trata-se apenas do mostrado no episódio, porque tudo o que sei do caso real é o que descrevi no início.

Passa-se os 50 minutos de episódio com a sensação de que tudo parece um bocado off e é demasiado estranho. A minissérie tem oito episódios, portanto sinto que podiam ter levado o seu tempo ao invés de nos terem pintado logo Natalia como uma criança perigosa. Mesmo tendo escolhido fazê-lo neste primeiro episódio, podiam ter optado por mostrar comportamentos mais dúbios, levando-nos a interrogar-nos sobre o que se está a passar.

A série é má e não vale a pena tentar convencer ninguém do contrário. Acredito que possa ser viciante para muitos e que deixe curiosidade acerca de como tudo se vai desenrolar, mas nem esse efeito teve em mim. E saber que podia ter passado estes 50 minutos a ver um episódio de The Handmaid’s Tale!