Chegou ontem ao Disney+ a minissérie Dying for Sex, uma comédia dramática inspirada numa história verídica e que já tinha sido partilhada num podcast. No centro dos acontecimentos temos Molly, que descobre que o seu cancro voltou e que vai morrer. Desde o diagnóstico inicial, o seu casamento com Steve ressentiu-se grandemente em termos de intimidade e agora Molly quer recuperar a sensação de fazer sexo, de se sentir desejada, antes que seja tarde demais. Vai então partir numa aventura em que vai contar com a melhor amiga, Nikki, que parece saber exatamente como a apoiar nesta fase tão complicada.
Já não consigo dizer que não a uma comédia dramática, visto que várias destas séries se tornaram algumas das minhas preferidas de sempre. Para já, Dying for Sex apresentou mais uma componente dramática: o choque do diagnóstico incurável de Molly, a reação tão humana, tão real, da melhor amiga, a inevitabilidade da própria situação e a facilidade com que nos tentamos imaginar na pele daquelas personagens… Os elementos de comicidade, contudo, estão lá. Só que torna-se difícil rir dos momentos mais leves, da mesma forma que na vida temos dificuldade em aligeirar o que nos faz sofrer e àqueles que amamos. Foi um bocadinho como se o choque do que está a acontecer a Molly também me afetasse, embora tenha acabado de a conhecer.
A interpretação de Michelle Williams é contida. A sua Molly é a imagem de uma pessoa que aceita aquilo que lhe está a acontecer, mesmo que seja o pior que se pode imaginar. Há nela uma certa fragilidade estoica e acho que é uma abordagem interessante à personagem. Por outro lado, a Nikki de Jenny Slate leva tudo à frente. Gosta-se imediatamente dela, tem algo de bastante relatable. O que uma tem de calma, a outra tem de barulhenta. No entanto, cada uma à sua maneira, parecem verdadeiras forças da natureza e são elas as estrelas da série. Até mais Slate, que ofusca as outras personagens de cada vez que está no ecrã. O marido de Molly, Steve (Jay Duplass), é boring. Parece um bom homem, com boas intenções, mas a verdade é que não parece, de todo, conhecer a pessoa com quem está casado e isso chateia-me. E chateia Molly.
Gostei que o episódio tivesse uma duração curtinha, menos de 30 minutos, o que é uma raridade hoje em dia em televisão. O argumento é bom, as interpretações são sólidas e temos uma história com interesse humano que agarra logo ao ecrã. Estou especialmente entusiasmada para ver mais da relação entre estas melhores amigas e já estou a pensar como irá acabar. Estava com algumas expectativas em relação a Dying for Sex, mas acabaram suplantadas. Uma boa surpresa, sem dúvida!