A Netflix estreou esta semana a minissérie britânica Toxic Town (Cidade Tóxica), inspirada num dos maiores escândalos ambientais do Reino Unido. A trama decorre na década de 90, em Corby, e estabelece uma ligação entre a negligência na gestão de resíduos tóxicos e o nascimento de crianças com defeitos congénitos. O tema sensível é abordado num bom equilíbrio dramático que não resvala para o melodrama, mas que não consegue atingir a mestria com que Call the Midwife já abordou a questão, embora num contexto e época diferentes. A cidade de Corby vive da indústria do aço e por isso mesmo as inspeções são “convidadas” a olhar para o lado no que diz respeito à má gestão de resíduos, numa clara prova de que a segurança e a saúde das pessoas não têm qualquer importância para alguns.

O elenco é bom, com vários rostos conhecidos de outras séries britânicas e não só, mas Jodie Whittaker merece destaque. A sua Susan McIntyre é incrivelmente divertida, mas mostra uma complexidade de emoções diferentes ao longo do episódio que nos faz sentir ligados à personagem e àquilo por que está a passar. Também estava a gostar imenso do Peter de Michael Socha, mas depois decidi que ele é um prick. A interpretação, no entanto, é muito sólida. Começa-se o episódio a gostar imenso dele e acaba-se a julgar a sua decisão, mas ao mesmo tempo não se consegue colocar de lado uma certa empatia porque se trata de uma situação limite com a qual nenhum dos envolvidos sabe muito bem como lidar.

O ritmo da trama podia ser mais acelerado, até porque se trata de apenas quatro episódios, mas o episódio é envolvente e é inegável que a série tem potencial para ser ainda melhor ao debruçar-se sobre estas mães que tudo o que queriam era ter bebés saudáveis. Já ficámos a conhecer bastante bem duas delas, mas há mais cujas vidas suponho que se ligarão às das restantes. Até porque elas não estão sozinhas. Podem ainda não o saber, mas há um jovem que não está disposto a ficar calado acerca do que se passa e estou curiosa também para perceber como é que isto se vai desenrolar, porque Ted está, definitivamente, a meter-se por caminhos perigosos.

Se estás à procura de uma série de crime, não é isso que vais encontrar em Toxic Town. É um drama slow burn, mas é o tipo de história que merece ser contada.