O primeiro episódio de Earth Abides, intitulado Alone, da MGM+, apresenta-se como um interessante ponto de partida no género pós-apocalíptico. A narrativa inicia-se com um homem, interpretado por Alexander Ludwig (Heels, Vikings), que acorda num mundo devastado após um acidente (detalhes que a série propositadamente vai mantendo subentendidos). A sensação de familiaridade com The Walking Dead é inevitável no início, dada a premissa de um protagonista solitário num cenário desolado. No entanto, vale a pena lembrar que esta série se baseia num livro de ficção científica com cerca de 70 anos, o que sugere que, se alguma semelhança existe, o caminho da inspiração foi inverso.

A força do episódio reside naquilo que não é mostrado. A narrativa aposta mais no que não se vê do que no explícito, o que cria um mistério intrigante. O protagonista não está apenas fisicamente sozinho; há uma solidão interior que se reflete no mundo despido de presenças humanas à sua volta. O título Alone é tanto literal como metafórico, reforçando a ideia de isolamento e desolação, e ele está tão confuso como nós, o que cria empatia.

No entanto, as interações que o protagonista tem ao longo do episódio são o ponto mais fraco. Estas parecem forçadas e exageradas, quase caricaturais. Ainda assim, é possível que esse tom seja intencional, refletindo o choque e o trauma das perdas recentes. Afinal, o colapso da sociedade é muito recente e estas reações podem ser fruto da desorientação e do desespero.

Visualmente, a série não é deslumbrante, mas é competente. Um dos seus pontos fortes é a representação de uma sociedade que acabou de colapsar e não de um mundo que já vive há muito tempo em ruínas. As infraestruturas, ainda de certo modo intactas, criam uma atmosfera de transição, como se a qualquer momento esperássemos ver a civilização voltar ao normal, o que, obviamente, não acontece.

No geral, este primeiro episódio de Earth Abides, não apresenta grandes avanços na trama, mas deixa pistas suficientes para nos manter curiosos. Não será a série pós-apocalíptica mais revolucionária, mas promete algo refrescante e original, especialmente num género amplamente explorado.