A tendência de expandir universos cinematográficos para séries tem-se afirmado e – depois do sucesso de The Penguin, que estabeleceu um novo padrão, bastante alto, diga-se – estava curioso para ver o que a Max poderia fazer com outra franquia icónica e este primeiro episódio de Dune: Prophecy, no geral, não desiludiu, entregando uma experiência sólida e intrigante.

A série posiciona-se cronologicamente milénios antes dos eventos dos filmes Dune, começando com um episódio introdutório que contextualiza este novo panorama. Apesar de a maioria dos nomes e elementos serem reconhecíveis, o cenário é distinto. Enquanto nos filmes as casas estão à beira de uma guerra entre si, aqui acabaram de sair de um conflito contra um inimigo comum. Este adversário, mesmo derrotado, deixou cicatrizes que continuam a gerar discórdias e rivalidades latentes, acrescentando uma camada de complexidade ao panorama político e social e mantendo a essência dos livros e filmes no que diz respeito às envolventes intrigas palacianas.

No centro da narrativa está a Irmandade Bene Gesserit e o episódio traça inicialmente o seu percurso, mostrando o papel crucial que desempenham, bem como os desafios internos que enfrentam durante uma fase de crescimento e consolidação. Após este prelúdio, a história avança, revelando uma irmandade mais estabilizada, o que marca o início do verdadeiro enredo. Dune Prophecy explora com profundidade as dinâmicas de poder desta organização e das casas nobres, criando um equilíbrio entre intriga política e momentos de tensão.

A questão central que se coloca é: o que pode surpreender numa série sobre uma ordem que prevê e manipula o futuro? A resposta chega nas cenas finais do episódio, com a introdução de uma personagem que desafia as expectativas. Esta figura inesperada foge às previsões das Bene Gesserit e perturba a narrativa cuidadosamente traçada, abrindo caminho para um desenvolvimento imprevisível. É nesta reviravolta que Dune: Prophecy encontra a sua força, deixando antever que poderá haver surpresas nos próximos episódios.

Os desempenhos dos atores são competentes, com destaque para Emily Watson, que lidera o elenco com segurança. Visualmente, a série é impressionante, respeitando a grandiosidade esperada de uma produção deste género. Os diferentes planetas e as suas especificidades são tão importantes quanto os próprios personagens, conferindo profundidade ao universo retratado.

Embora este primeiro episódio não seja extraordinário, é bem executado e cumpre o objetivo de introduzir as dinâmicas de poder entre as famílias e a Irmandade. As surpresas reservadas para o final funcionam como um gancho eficaz, deixando curiosidade suficiente para acompanhar o que está por vir. Dune: Prophecy pode não ser perfeita, mas demonstra potencial para explorar novas direções neste universo vasto e fascinante que é Dune.

O primeiro episódio de Dune: Prophecy já se encontra disponível na Max.