Este primeiro episódio de Grotesquerie, série que estreou hoje no Disney+, foi um misto de sensações: gostei e não gostei, teve aspetos mais bem conseguidos e outros menos.

O que não funcionou, para mim, foi sobretudo a parte estética. Tentaram misturar o drama policial cru, com aquele ambiente escuro e chuvoso de Seven ou True Detective, com um estilo neo-noir mais conceptual, semelhante a Nocturnal Animals ou algumas temporadas de American Horror Story, do próprio Ryan Murphy, mas simplesmente não resultou. A série parece uma manta de retalhos, pouco coesa e fluida.

Outro dos pontos que, para mim, também ficou aquém foi a representação. Normalmente, se há algo em que Murphy acerta, é na escolha do elenco. Mesmo quando as histórias são desconexas ou a elevação cénica e intelectual não atingem o objetivo desejado, os atores costumam ser bem escolhidos. Aqui, porém, Niecy Nash (The Rookie: Feds) como a detetive torturada não convence. Todo o departamento de polícia parece composto por estereótipos que já vimos dezenas de vezes em outras iterações do género. Apenas Micaela Damon (Elsbeth) como a freira repórter se destaca e desperta algum interesse. A personagem em si é, de longe, a mais original, e a sua interpretação é refrescante, como uma cor no meio do monocromático.

O aspeto mais interessante neste primeiro episódio é a trama em si. É verdade que estamos inundados de representações de serial killers, especialmente numa época em que o true crime está na moda, o que resulta em várias versões deste tipo de história. No entanto, Grotesquerie tem o seu quê de cativante. Não é a história mais original, mas consegue prender a atenção e as mortes são suficientemente macabras. Gostei do pormenor de que nem tudo é mostrado. Algumas coisas são apenas descritas, deixando à nossa imaginação o que aconteceu e o que estava na cena do crime.

Em suma, este primeiro episódio de Grotesquerie não foi brilhante. Não fiquei fascinado e, em alguns momentos, a série pareceu perder-se, tentando ser duas coisas diferentes e não conseguindo ser nenhuma delas efetivamente. Contudo, não podemos esquecer que não é apenas um drama, é uma série de terror também, e neste caso prefiro focar-me mais na narrativa e na parte visceral da história e esta tem algum potencial. Fiquei curioso para ver até onde o serial killer vai com as suas mortes, qual o tema que ele segue para criar as suas encenações e, por fim, qual a sua verdadeira motivação. Bem sei que, por vezes, as perguntas são mais interessantes do que as respostas, mas neste caso vou dar uma oportunidade e ver mais alguns episódios para ver como evolui.