Estreou hoje na Netflix a minissérie Amor Traiçoeiro (Inganno, no título original), a versão italiana de Gold Digger. Não costumo ver ficção italiana, mas tinha adorado a série britânica e fiquei com alguma curiosidade em ver como resultaria esta versão. Para já, fica bastante aquém em todos os aspetos, seja na forma como transmite sensações para este lado do ecrã, em termos de interpretação ou de argumento. No entanto, Amor Traiçoeiro também tem o seu quê de cativante e não estou a dizer isso apenas pelas muitas vezes em que Giacomo Gianniotti tira a camisola.

Apesar de a base da trama ser a mesma de Gold Digger, fico contente por terem feito alterações suficientes para parecer uma história nova, tanto quanto possível. A forma como o casal principal se conhece é uma das grandes diferenças, por exemplo. A química entre Elia e Gabriella (Monica Guerritore) está longe de ser incrível, mas a verdade é que há qualquer coisa de poderoso em ver uma mulher de 60 anos a esforçar-se por ignorar o que os outros possam pensar dela e do seu envolvimento com um homem bastante mais novo e deixar-se levar. Se as intenções de Elia são sérias ou não, isso já é outra questão e nem sequer tenho uma opinião formada.

Houve várias situações, principalmente no início do episódio, em que me apeteceu revirar os olhos de tão pouco credíveis eram algumas das cenas e a interpretação nem sempre pareceu natural. Os diálogos também estão longe de ser bons, mas tudo isto se vai atenuando ao longo dos cerca de 50 minutos. A família de Gabriella é um tanto ou quanto caótica e nesse aspeto há uma aproximação muito grande a Gold Digger, embora tenha sentido a falta da emoção que a série britânica suscitou em mim logo no início.

Os cenários, com as paisagens italianas, são lindíssimos e um dos grandes atrativos da série, sem qualquer espécie de dúvida, mas apesar de ter acabado o episódio a pensar que a qualidade não é muita, a verdade é que me apeteceu ver mais. Acho que posso dizer que é um daqueles casos em que sabemos que aquilo que temos à nossa frente não é grande coisa, mas que não faz mal, porque cumpre mais do que o seu papel em termos de entretenimento. E não há dúvida que Amor Traiçoeiro entretém. São apenas seis episódios e não creio que vá demorar muito a vê-los todos.