A nova minissérie da HBO, The Penguin, não dececionou e fez uma estreia impressionante com este primeiro episódio, After Hours. Baseada no personagem que vimos pela primeira vez em The Batman de Matt Reeves, a série apresenta uma abordagem refrescante e profunda do icónico vilão.
Desde o início, o episódio mergulha na complexidade do personagem, fornecendo um contexto rico sobre a sua vida e as suas motivações e as pessoas que o rodeiam, os outros players, tanto amigos como inimigos. Ao contrário do que é habitual em muitas narrativas de vilões, The Penguin não tenta simplesmente fazer com que sintamos pena dele, nem o pinta como uma vítima das suas circunstâncias. Em vez disso, a série apresenta factos e deixa-nos a tarefa de decidir se, apesar das suas ações, gostamos ou não dele. Esta abordagem é uma lufada de ar fresco e contribui para uma narrativa mais envolvente e menos previsível.
O personagem do Pinguim, embora nunca tenha sido particularmente complexo, é aqui desenvolvido com mais camadas e nuances. A série evita a tentação de transformá-lo num mastermind do crime que está sempre vários passos à frente e, em vez disso, foca-se na sua sagacidade e na sua capacidade de se sair bem das situações após o mal estar feito. Esta representação faz com que o Pinguim seja muito mais relacionável e humano e é precisamente isso que nos cativa. A relação que ele desenvolve ao longo do episódio com o seu protegido é um exemplo perfeito disso.
Colin Farrell, que já tinha impressionado no papel de Pinguim no filme, leva o seu desempenho a um nível ainda mais alto nesta série. A sua interpretação é impecável, conseguindo transmitir a complexidade do personagem através das suas expressões faciais, maneirismos, silêncios e até com o impecável sotaque. A química entre ator e personagem é notável e ele é, sem dúvida, a escolha perfeita para o papel.
A realização, a banda sonora e o ambiente da série estão todos alinhados com o universo criado por Matt Reeves, o que confere autenticidade ao enredo. Gotham, como é habitual, tem um papel de destaque, quase como uma personagem à parte, e o tom mais luminoso e ligeiro do episódio serve para evitar a saturação que uma abordagem excessivamente sombria poderia trazer ao longo de uma temporada inteira, portanto até no que se afastam do filme, para criar uma identidade própria, fazem-no bem.
Este primeiro episódio de The Penguin, que já se encontra disponível na Max em Portugal, cumpre plenamente o seu objetivo. Oferece um mergulho aprofundado na vida de Pinguim, introduzindo o enredo que guiará a temporada e apresenta momentos de reflexão, ação e reviravoltas muito bem executadas. A série conseguiu captar a minha atenção e, sem dúvida, continuarei a acompanhar o resto da temporada com grande expectativa de ver que mais surpresas nos reservam.