O primeiro episódio de Fallout, a nova série da Prime Video, é uma viagem com alguns pontos altos, mas que não chega a ser memorável. Esta crítica foi talvez das que me deu mais trabalho a escrever, no sentido em que não sabia bem como abordá-la, pois o espaço entre aquilo que eu esperava e o que na realidade me apresentaram foi, sem dúvida nenhuma, maior que um polegar. Penso que seja importante referir que nunca joguei os jogos, pois certamente isso também influenciou a minha experiência enquanto espectador. Conhecia a premissa por alto, que se insere na perfeição dentro do género de séries que costumo ver e gostar, e, além disso, o facto de ter Jonathan Nolan e Lisa Joy envolvidos, responsáveis por nos trazer a excelente Westworld, criaram-me expectativas enormes. Foi com este estado de espírito que fui então assistir a este piloto.
Vi e tive de rever. Perseguia-me a sensação de que não tinha apreciado o episódio – longo e incapaz de me impelir para o seguinte – tanto quanto devia na primeira tentativa e que tivesse sido um problema meu e não da série. No entanto, após o segundo visionamento confirmei que a primeira impressão permanecia.
Vamos por partes: a execução técnica é impecável. Misturam o antigo com o moderno e essa estética contribui para a atmosfera peculiar do universo Fallout. Contudo, a narrativa, embora intrigante, desenvolve-se a um ritmo lento, com momentos que poderiam ser condensados. A sensação de déjà vu é constante, a minha mente teimava em viajar para o jogo BioShock ou para a série Silo, entre outros exemplos. Talvez o meu conhecimento superficial do universo e da mitologia de Fallout, somado à falta de imersão na história em si, tenha impedido que o episódio me parecesse realmente inovador. As personagens principais são bem introduzidas, principalmente Lucy (Ella Purnell), mas o foco no desenvolvimento individual destas impede que nos familiarizemos com o universo em si. Senti falta de uma exploração mais profunda da história e das regras deste mundo pós-apocalíptico.
É possível e bastante provável que a experiência como não jogador do jogo tenha influenciado a minha percepção do episódio. O conhecimento prévio deste “mundo” poderia ter enriquecido a minha compreensão da história, dos pequenos detalhes que por certo estarão inseridos e dos personagens, mas isso não diminui as falhas, a meu ver.
O primeiro episódio de Fallout é visualmente interessante e apresenta um bom potencial, mas a narrativa lenta, a falta de inovação e a superficialidade do universo impedem que ele seja realmente memorável. No entanto, para ser justo, faço uma comparação direta com a última experiência que tive deste género, Halo, que também não joguei, e que se fosse a avaliar apenas o piloto e não a série como um todo, garantidamente não teria a nota com que acabou. Verei pelo menos mais alguns episódios, pois ficou aquela sensação de que agora é que a série pode ir para todos aqueles lugares para onde eu gostaria que tivesse ido logo nesta estreia.
Todos os episódios da 1.ª temporada de Fallout já se encontram disponíveis na Prime Video.
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