George & Tammy é uma minissérie da Showtime que reconta o romance entre George Jones (Michael Shannon) e Tammy Wynette (Jessica Chastain), o casal sensação da música country, cuja conturbada, mas duradoura, relação inspirou algumas das músicas country mais icónicas de todos os tempos.
A minissérie chega a Portugal através do TVCine Emotion, no dia 11 de janeiro, às 22h10.
Não fosse pelo desempenho fenomenal de Shannon e Chastain, que, para além disso, têm química para dar e vender, seria mais difícil ficar agarrada ao primeiro episódio da minissérie. O guião, por vezes tão subtil como um martelo pneumático, tropeça nalguns clichés, não fazendo favor nenhum a um arco narrativo bastante previsível.
A minissérie acompanha George Jones, um famoso cantor com uma carreira em declínio, e Tammy Wynette, uma desconhecida, mas promissora, jovem cantora, cuja relação amorosa, percebemos de imediato nas primeiras cenas, será posta à prova pelo implacável mundo do espetáculo, trazendo ao de cima o pior dos artistas que, fragilizados, veem no álcool e nas drogas uma possibilidade de libertação. Se não conhecias a história de George e Tammy, mas, mesmo assim, ela te parece familiar é porque já te foi contada pelo menos três vezes: com A Star is Born e mais outras tantas e, ainda que as semelhanças narrativas não sejam tão gritantes, com as biografias musicais que a sétima arte nos tem vindo a proporcionar nos últimos anos, com Rocketman ou Elvis. No entanto, isso talvez diga mais sobre a inevitável perversidade da fama do que sobre a capacidade narrativa dos responsáveis por colocar George & Tammy no pequeno ecrã.
Nesse aspeto, e para além da supramencionada interpretação de Shannon e Chastain, a realização e, em especial, a cinematografia, elevam o guião de uma forma engenhosa, filmando, muitas vezes, as personagens em close-up, mas desfocando o restante plano, que parece envolver-se numa neblina que transmite muito bem o isolamento das personagens.
No final de contas, George & Tammy segue a fórmula das biografias musicais que têm vindo a popularizar-se, especialmente no grande ecrã, e, tal como elas, é maioritariamente salva pela incrível interpretação dos seus atores principais. Para os que gostam de Jones e Wynette acredito que essa será razão suficiente para ver os seis episódios desta minissérie; para os restantes, não tenho assim tanta certeza.
Margarida Garcia