Carol & The End of the World é uma minissérie dramática de animação criada por Dan Guterman para a Netflix. A série é uma comédia que fala de um mundo apocalíptico e aborda temas pesados tendo assim uma conotação mais adulta.
Carol é uma pessoa normal, com uma vida normal mas vê que tudo muda quando um planeta misterioso vem em direção à Terra, o que levará à extinção dos seres humanos. Para a maioria das pessoas isto é visto como uma grande oportunidade para fazerem tudo aquilo que nunca tiveram coragem para fazer. A vida normal deixou de existir e todos vivem para realizar algo, sendo esse algo viagens, sonhos que outrora eram impossíveis e até dizerem às pessoas aquilo que realmente acham delas. No entanto, para Carol é exatamente o oposto. Ela vive da mesma forma e faz exatamente as mesmas coisas que fazia antes, o que causa estranheza aos que a rodeiam. Isto faz com que Carol decida experimentar viver no limite e ir comparando as duas realidades.
Carol & The End of the World é uma visão muito interessante sobre o conformismo, mais precisamente sobre o conforto que a monotonia nos traz. A vida acaba por ser, na sua maioria, algo muito linear, principalmente quando somos adultos e temos sobre nós inúmeras responsabilidades. Esta ideia de que o Mundo vai acabar em breve e que temos de aproveitar tudo até ao último segundo aborda um tema muito curioso. Se por um lado existem aqueles que vivem todos os dias como se fosse o último, também existem os que gostam da monotonia e não se importam de viver nela. Carol é um desses casos e toda a ideia de que ela é que está errada fez-me, e certamente que fará qualquer um, refletir se existe de facto algo de errado nisso. Cada um deve ser livre de viver como quer e o Mundo é um lugar para todos. Isto levou-me também às questões das redes sociais e como vemos pessoas a partilhar a sua vida, que é quase sempre composta de cenários perfeitos, embora saibamos que na realidade não é bem assim que isto funciona. Carol & The End of the World é para mim uma reflexão da sociedade moderna e funciona bem como tal.
A série contém dez episódios e parece-me ser uma proposta muito interessante para quem gosta de pensar sobre estes temas. Não é uma comédia para rir do principio ao fim nem é uma animação fantástica e expressiva. É algo cru e despido de qualquer filtro. Os temas e as cores são frios e funcionam bem com a proposta da série. Recomendo pelo menos que vejam o primeiro episódio e que também reflitam sobre estes assuntos.