Estreou hoje, na Apple TV+, Lessons in Chemistry e o primeiro episódio revelou potencial, mas ainda vão ser precisas provas de que a minissérie pode ser realmente boa.
Lessons in Chemistry tem como base um livro com o mesmo nome, da autoria de Bonnie Garmus, e passa-se nas décadas de 50 e 60, onde podemos acompanhar Elizabeth Zott, uma química de formação que trabalha como técnica de laboratório. O Mestrado de Zott parece ser insuficiente para lhe granjear um emprego como química e ela acaba relegada a fazer trabalhos menores e a servir cafés.
A série aborda a desigualdade de oportunidades de Elizabeth em relação aos seus pares do sexo masculino, que até podem ter Doutoramentos, mas que não deixam de roçar a mediocridade, em muitos dos casos. É aqui que a série se revela interessante, ao transportar-nos para um contexto de sexismo em termos de local de trabalho, e da sociedade no geral, tão característico da época. Elizabeth não tem interesse em participar em pageants, sorri pouco, não é tímida a apontar o que está errado e por isso é uma espécie de persona non grata no laboratório. Ah, e já mencionei que ela declarou alto e bom som que não se quer casar? Nunca? Consegui identificar-me e posso dizer que as reações a isso não são assim tão diferentes passado mais de meio século.
Ao contrário da sua personagem, Brie Larson é uma atriz que já não precisa de comprovar o seu valor, depois de filmes como Room e Short Term 12. O seu coprotagonista, Lewis Pullman, revela bastante carisma e é um personagem interessante. Para além desta dupla, com uma dinâmica vencedora, ainda só Stephanie Koenig se conseguiu destacar, com a sua Fran Frask, de quem acho que vou gostar bastante. De resto, basicamente temos uma panóplia de personagens masculinos que se recusam a reconhecer o valor de Elizabeth, simplesmente porque é mulher, e personagens femininas que encaixam bem no perfil daquilo que era esperado de uma mulher daquela época.
Há algo no passado de Elizabeth que terá certamente impacto na história, mas é imperativo perceber também o porquê de ela ter sido despedida do laboratório e estar agora a apresentar um programa de culinária. Girl power e ciência vão juntar-se à lista de ingredientes das receitas, porque vai tratar-se de muito mais do que dicas para o jantar.
O primeiro episódio de Lessons in Chemistry não me deixou completamente agarrada ao ecrã, mas também não estou preparada para deitar já a toalha ao chão, nem é caso para medidas drásticas como essa. O lado mais negativo é que ainda não houve nada que se destacasse verdadeiramente, uma espécie de fator X.