Quando penso neste primeiro episódio da minissérie Bodies, a palavra que me vem à cabeça é impactante! Não fazia ideia que estava a ser produzida, nem que o seu material de origem era uma minissérie de banda desenhada publicada pela DC Vertigo, lançada em 2014. No entanto, desde que vi o trailer, fiquei bastante curioso. Várias linhas temporais, um corpo misterioso em cada uma delas, detetives a investigar o caso, cada um com as suas particularidades e enfrentando dificuldades tanto pessoais como inerentes à época em que vivem… Tudo isto aguçou claramente o detetive amador que há em mim e, cereja no topo do bolo, se tem história e tempo na mesma frase já estou praticamente conquistado. Aqui a única dúvida era se vendo o episódio me prendiam ainda mais ou se era uma desilusão dolorosa pelo hype por mim próprio criado.
Neste género de séries, com muita coisa a acontecer ao mesmo tempo, através do tempo, pois o espaço é o mesmo, Londres, o início pode tornar-se confuso. No entanto, deixam as várias histórias respirar, não saltam demasiado rápido, deixam-nos ambientar a cada época e a cada protagonista, antes de começarem então a cruzar informações. E que viagem se estão a propor fazer! Em momentos, a série, talvez pela sua premissa, recordou-me Fringe. Ainda relativamente à passagem entre personagens (e não só), vale a pena ressaltar que fazem aqui uma bem feita homenagem ao material base e o uso de vinhetas, em movimento, é bastante original e muito bem executado. Fica fluído e coerente com toda a trama.
Uma das características mais marcantes de Bodies é a maneira como cada período é cuidadosamente representado por um estilo distinto e uma narrativa que reflete a linguagem e a estética da época. Essa abordagem visual única acrescenta profundidade à história e cria um mundo bastante imersivo. Contudo, nem só de boa realização vive a série, que resulta muito também pelos bons personagens que introduz. Vemos uma Londres Vitoriana muito bem recriada e a sua austeridade e superficial puritanismo representados através do Inspetor Edmond Hillinghead (Kyle Soller). Vemos a impetuosidade do carismático Sargento de 1941 (Jacob Fortune-Lloyd), resultante de uma mistura entre Indiana Jones e James Bond, que nos remete magistralmente para uma época de guerras e espiões, e temos ainda a irreverência e luta de uma mulher polícia muçulmana (Amaka Okafor) numa Londres atual com todos os predicados que existem à volta de cada um desses papéis no mundo contemporâneo. Por último, e menos explorado até ver, mas com imenso potencial, um vislumbre de uma sociedade futura em forma de uma jovem Investigadora (Shira Haas), prometendo-nos um desenredar deste “novo universo” através do olhar dela. Personagens e atores apresentam uma simbiose a roçar o perfeito com o cenário e o argumento. Uma raridade! Uma maravilha!
Chegamos então ao que de facto interessa: uma boa história, um bom mistério. Todo o enigma à volta do(s) corpo(s) encontrado(s): Como apareceram? O que se passou? Quem está por trás das mortes? Será o mesmo? Qual a verdadeira ligação entre histórias? Tudo perguntas válidas, extremamente excitantes e apenas algumas (de certeza que terás mais e diferentes).
Devorador de séries como sou, atualmente já é raro algo entusiasmar-me tanto como costumava logo de início. Fiquei mais exigente, talvez. Contudo, este primeiro episódio de Bodies teve esse condão: desde realização, argumento, atores, cenário, tudo resultou muito bem. A minissérie tem todas as condições para se tornar um clássico instantâneo, basta continuar a trilhar o caminho tão bem quanto o fez nesta introdução. Como escrevem no trailer: “Segue a verdade para onde, para quando, ela te levar”. Eu seguirei certamente!
Todos os episódios de Bodies já estão disponíveis na Netflix.
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