The Idol estreou no passado dia 5 de junho na HBO Max, em Portugal, depois de ter sido emitida em maio no festival de Cannes, com o primeiro vislumbre da série e do episódio piloto, Pop Tarts & Rat Tales. Do mesmo realizador e argumentista da série Euphoria, Sam Levinson, esta série tem dado que falar: de nudez a tópicos propensos a gerar controvérsia, Levinson aparenta estar sempre nas bocas do mundo.
A nova aposta da HBO conta a história de Jocelyn (Lily Rose-Depp), uma famosa cantora pop que, após um esgotamento, pretende colocar-se novamente na ribalta com uma imagem renovada, música nova e um estilo diferente. No entanto, as expectativas são elevadas e os nervos e ansiedade apoderam-se da jovem artista, deixando toda a sua equipa à beira de um colapso e a imprensa cada vez mais esfomeada e sedenta de drama.
Depois de um dia de filmagens, sessões fotográficas e leaks inesperados no Twitter, Jocelyn, Leia (Rachel Sennott) e Xander (Troye Sivan) arrancam para uma discoteca no centro da cidade, em Los Angeles, onde a jovem conhece um famoso empresário, Tedros (Abel Tesfaye), com quem inicia um romance fugaz e intenso. É este romance que vai servir de muleta para que Jocelyn volte a lançar-se no mundo da música e a ganhar de novo a confiança do público. O poder do marketing, da imprensa e das relações públicas, se já não era claro antes, agora, com The Idol, torna-se evidente.
Lily Rose-Depp, apesar de já ter participado em diversos projetos, agarra em Jocelyn com uma intensidade que, até hoje, ainda não lhe conhecíamos. A primeira cena, que consiste num grande plano da cara da atriz e numa mudança célere de emoções e sensações na sua expressão, deixa-nos imediatamente rendidos à qualidade da realização, representação e escrita desta série.
Apesar de não ser a realidade da maioria das pessoas, o facto é que existe uma parte da população, por mais ínfima que seja, que entende aquilo pelo qual Jocelyn passa, que se relaciona e empatiza com a vida da personagem.
Abel Tesfaye, mais conhecido como The Weeknd, faz também parte da equipa de argumentistas e criadores que deu vida a The Idol e, enquanto ator, tem o poder de ajudar Depp a florescer. No segundo em que aparece no ecrã, a química entre os dois torna-se clara e ambos parecem brilhar na presença do outro. Entre danças provocadoras, conversas sobre música e olhares duradouros, Jocelyn e Tedros acedem uma chama que é nítida através do ecrã.
No entanto, há várias questões que se levantam ao longo de todo o episódio: será que rat tale é de confiança? Será que Jocelyn irá conseguir redimir a sua imagem? Será que o cariz provocador e sexual da série fazem sentido no contexto da história?
Um dos momentos em Pop Tarts & Rat Tales que nos salta mais à vista é logo ao início, com o aparecimento do intimacy coordinator, uma função relativamente recente na indústria do cinema e televisão que tem como objetivo ajudar atores, modelos e figurantes a lidar com cenas que requerem alguma intimidade e nudez, de modo a estarem confortáveis e não se sentirem expostos ou desrespeitados desnecessariamente. Isto é algo que me parece único – nunca, até agora, esta função tinha sido diretamente mencionada em frente à câmara com o objetivo de dar a conhecer a sua importância e valor na indústria.
Isto acaba por ser irónico, de certa forma, tendo em conta que a própria série tem um conteúdo sexual muito intenso e constante, o que significa que a presença destes coordenadores foi obrigatória e, certamente, crucial.
Assim, entendemos que, mais uma vez, Sam Levinson, à semelhança do que fez com Euphoria, recorre muito à utilização do sexo e de drogas para contar uma história. Acredito que este tipo de conteúdo não seja consensual e que não agrade a toda a gente, mas a verdade é que há histórias que requerem um tempero especial, diferente e mais provocador. Tal como Euphoria, The Idol quase que implora por rendas e cubos de gelo.
As próximas semanas prometem, com a estreia semanal dos episódios. The Idol pode ser controversa, mas é, sem dúvida, uma série que vai ficar na nossa memória.