Silo, a nova série da Apple TV+, baseada nos romances homónimos escritos por Hugh Howey, apresenta nos seus primeiros episódios, Freedom Day e Holston’s Pick, um planeta aparentemente devastado onde os humanos vivem circunscritos a uma enorme casa – uma espécie de super bunker – isolada do exterior, aparentemente tóxico.
Será esta mais uma série ao estilo Divergent, Maze Runner ou Hunger Games? Nada disso! Apesar do tom escuro da série e de toda a envolvente distópica que levou a humanidade a criar uma civilização pós-apocalíptica dentro de um bunker, Silo faz-nos acompanhar a investigação de um assassinato cometido dentro das instalações. A história, no entanto, é ainda um pouco dúbia nos primeiros episódios: sabemos apenas que uma rebelião, algures no passado, destruiu toda a informação sobre o porquê de existir um bunker, bem como o motivo e as explicações pelas quais sair à rua é mortal.
Numa sociedade tão desprovida de história e conhecimento do passado, é interessante analisar certos comportamentos da população: os objetos da sociedade pré-rebelião, por mais básicos que sejam, são considerados relíquias (nome atribuído por eles) ilegais e perigosas, devendo a pessoa que os viu reportá-los e entregá-los às autoridades. Também as leis são bastante rígidas dentro do silo: caso um habitante deseje sair do bunker, poderá fazê-lo, mas não poderá voltar a entrar. É-lhe apenas pedido que, por gentileza, limpe a câmara que transmite imagens em direto do mundo exterior no refeitório do bunker.
Todas estas grandes questões existenciais criadas por Hugh Howey e os saltos entre o passado, o presente e o futuro durante os episódios obrigam o espectador a estar atento e a reconhecer as mudanças comportamentais que os personagens têm ao longo da trama.
Não querendo deixar aqui nenhum spoiler, vou apenas dizer que ocorre um assassinato e a investigação une o xerife Holston (David Oyelowo) a Juliette (Rebecca Ferguson), uma mecânica que trabalha no gerador do silo, num dos pisos mais inferiores da instalação. Contudo, esta investigação passa rapidamente a ser sobre o próprio silo e sobre o mundo que os rodeia.
No entanto, o que mais me está a surpreender nesta série é, sem dúvida, a qualidade do design de produção. Seria fácil criar simplesmente um bunker, cinzento, onde moram pessoas que nunca viram a luz do sol, mas a atenção aos detalhes é soberba: cada pessoa possui uma casa, completamente decorada e pintada de cores diferentes, dando uma sensação de pertença e conforto a quem lá vive e que é realmente transmitida ao espectador.
Parece-me que Silo é já uma aposta ganha da Apple TV+, juntando-se a sucessos como Severance, Extrapolations e Hello Tomorrow.
Os novos episódios são lançados semanalmente, às sextas-feiras, até 30 de junho.