Capitães do Açúcar é uma das novas apostas da RTP no talento mais jovem. Criada por Ricardo Leite, Tiago Correia e pelo também protagonista Tiago Sarmento, a série conta a história de Bernardo, um jovem estudante de ciências farmacêuticas que, ao ser confrontado com a possibilidade de mudar a sua precária situação financeira, decide despedir-se da hamburgueria onde trabalha e aceitar o convite de um grupo de jovens estudantes de Belas Artes para cozinhar uma nova e misteriosa substância psicotrópica chamada açúcar. Apesar de o açúcar ser o que une este grupo de amigos, a droga é uma personagem secundária, já que a série está mesmo interessada é em explorar, acompanhando as dinâmicas desta amizade, novos conceitos de família.
O primeiro episódio começa com uma montagem de imagens que permite ao espectador espreitar para um futuro não muito distante destes jovens, repleto de drogas, armas, dinheiro e perigo. Antes de chegarmos lá, porém, é preciso recuar oito dias, a uma rave no Passos Manuel, onde conhecemos alguns dos capitães. Para eles, o açúcar não é apenas uma droga, mas um manifesto artístico. O problema é que já não têm como produzir a substância, visto que o “cozinheiro” os abandonou quando descobriu que o grupo vendera a sua criação a um dealer, levando consigo a receita.
Quando a filha de uma investigadora da PJ perde os sentidos na casa de banho do Passos Manuel, a polícia começa a investigar a origem desta nova substância. Ao mesmo tempo, os Capitães encontram em Bernardo, aluno exemplar de ciências farmacêuticas, desesperado para escapar à precariedade, o candidato perfeito para substituir o “cozinheiro”. Ao longo de oito episódios, os espectadores seguirão, então, o destino vertiginoso destes amigos que, pressionados pelo criminoso sem escrúpulos Raposo, a quem ainda devem uma encomenda, e perseguidos pela polícia, não têm tempo para refletir sobre as consequências dos seus atos.
Por tudo aquilo em que Capitães do Açúcar falha – e falha, principalmente, no argumento de Tiago Correia, com os seus diálogos expositivos e pouco naturais, que não facilitam o trabalho dos atores que os têm de entregar -, a fotografia de Manuel Pinho Braga e a realização de Ricardo Leite acabam por compensar, conferindo à série um visual muito próprio e extremamente apelativo.
A “urgência em escrever uma série que pudesse retratar a nossa geração e que refletisse questões contemporâneas, com um olhar íntimo, sem julgamento nem preconceito, com uma liberdade estética, verbal e sexual”, que os criadores referem na sua nota de intenções, é palpável e refrescante de se ver. Cada episódio passa num instante, por isso aconselho-te a espreitares a série, mais que não seja para veres como este grupo de amigos consegue descalçar esta bota.
Se por acaso chegares à conclusão de que Capitães do Açúcar não é para ti, podes sempre acompanhar o que esta geração de jovens contadores de histórias tem para oferecer à televisão portuguesa através de Emília, outra grande aposta da RTP em séries que colocam os jovens e os seus problemas no centro da narrativa.
Capitães do Açúcar, que é emitida todas as segundas-feiras na RTP1, às 23h, já está disponível na sua totalidade na RTP Play.
Créditos da imagem: Maria e Mayer