Drops of God chegou hoje à Apple TV+, adaptando assim a história dos manga para o pequeno ecrã. Com algumas modificações na história, a adaptação chega em grande com um primeiro episódio bastante bom e cheio de material para explorar.
Começo por dizer que antes de ver o primeiro episódio de Drops of God não sabia toda a história e premissa que vinha dos manga. No entanto, fiz o meu trabalho de casa para poder escrever sobre a história e é por aí que quero começar. Resumidamente, Camille é filha de um expert em vinhos. Um homem pouco empático para com a família e que sempre se preocupou mais com os negócios e com o seu império no mundo dos vinhos. No entanto, ele criou Camille para ser uma craque como ele e desde criança que a ensinou a avaliar os vinhos. O plot da série centra-se numa espécie de jogo imoral que o pai de Camille deixou no testamento e que agora é sabido dada a sua morte. Ela e o maior prodígio da empresa do seu pai vão ter de competir em vários testes sobre vinho e só o melhor ganhará os milhões deixados.
Logo por aí, a história tem um contorno muito interessante e acho que isso vem da própria Camille. Ao longo do episódio, vamo-la conhecendo e vamos criando uma conexão com a personagem. Ela deixou de falar com o pai, vive com a mãe, que também não pode ouvir falar do pai, e de repente vê-se nesta encruzilhada quando não queria ter nada a ver com o assunto. A primeira reação quando, a meio do episódio, percebemos o jogo, é de imediato pensar que a Camille que nos foi apresentada nunca entraria numa disputa destas, mas é aí que Drops of God vira o jogo e nos consegue fazer, a nós e a ela, que dê por onde der ela tem de ganhar aquilo. Issei Tomine, o seu oponente, está focado em ganhar e resta a Camille impedir que todo o sofrimento que passou em criança e todas as consequências de não ter um pai presente tenham sido em vão.
Daquilo que percebi, a grande mudança para os manga é que na série Camille é uma mulher. Não tendo lindo o material original, parece-me que a decisão foi acertada. Outro aspeto de que gostei foi a característica de Camille sangrar do nariz sempre que bebe álcool. Provavelmente é uma consequência dos testes que o pai fazia com ela para a treinar. Todas estas camadas, mais a excelente interpretação da atriz Fleur Geffrier, fazem com que Drops of God tenha uma protagonista forte capaz de levar a história. Além disso, o seu oponente também tem camadas interessantes, como a questão de querer provar à mãe que o mundo dos vinhos, que ele escolheu como trabalho, pode dar certo. Todos estes pormenores tornam a narrativa sólida e isso é a base de qualquer grande projeto.
Arrisco-me a dizer que Drops of God pode ser a grande surpresa no mundo das séries. Pelo que vi no primeiro episódio, existe muita qualidade e muito potencial na história. Acredito também que os fãs da obra original vão gostar desta adaptação. Não podia deixar de recomendar esta série que, repetindo o que disse antes, vai surpreender bastantes pessoas.