Hot Skull é a nova minissérie turca da Netflix e leva-nos para uma realidade distópica em que uma epidemia tomou conta do dia a dia de todo o mundo. Serão estas séries distópicas já um cliché?
Neste primeiro episódio somos logo apresentados a este mundo completamente transformado há oito anos: o semantic vírus (ou vírus semântico, numa tradução literal) atingiu uma grande percentagem da população. Trata-se de um transtorno mental que se contrai através da fala: basicamente, os infetados passam apenas a falar um monte de disparates e a juntar palavras aleatórias numa frase.
Somos apresentados a Murat Siyavus (Osman Sonant), o paciente zero, que quando é exposto ao vírus apenas sofre uma rápida subida de temperatura corporal (daí o nome da minissérie), bem como tonturas e alucinações temporárias, mas volta ao estado normal em poucos minutos. Como resultado dessa imunidade, as autoridades antiepidémicas, mais propriamente Anton Tarakçi (Sevket Çoruh) e Fazil (Kubilay Tunçer), começam uma perseguição a Murat. E aqui começa o problema desta trama: para além de Murat, que apresenta uma construção de personagem bastante completa, não temos mais nenhum personagem que se destaque.
Também o próprio argumento apresenta algumas falhas que considero bastante estranhas: durante oito anos, não pareceu existir qualquer avanço científico que permitisse encontrar uma cura ou um atenuador de efeitos. A população passou a utilizar grandes auscultadores de cancelamento de ruído para evitar a propagação do vírus, mas continuamos a ter diálogos entre personagens sem auscultadores, com os personagens a exporem-se demasiado, uma vez que não sabem, à partida, quem está infetado. Seria bem mais interessante que se tivesse desenvolvido uma nova forma de comunicação que evitasse a exposição ao vírus.
Acabou por se tornar um enredo muito básico que, apesar de ter um argumento inicial interessante, não passa de uma perseguição normal entre os bons e os maus.
A minissérie encontra-se na Netflix e conta com oito episódios com cerca de uma hora cada.