Por entre as dezenas de filmes e a multiplicações de séries, por entre a confusão dos multiversos, batalhas e personagens menos centrais a ganhar protagonismo, surge She-Hulk: Attorney at Law, interpretada por Tatiana Maslany.
A prima igualmente verde de Bruce Banner ganha vida em formato de série, na exclusividade do Disney+, que entretanto voltou a subir a sua anuidade.
She-Hulk é Jennifer Walters (protagonizada pela razão de eu ter decidido ver a série, Tatiana Maslany), uma advogada muito orientada para a sua carreira que acidentalmente se torna um Hulk. Tentando renegar a vida de super-heroína para se manter focada na sua carreira na advocacia, acabamos este primeiro episódio a perceber que as coisas vão acabar por não ser bem como ela queria.
Mas este primeiro episódio, embora comece no “presente”, rapidamente recua, com uma quebra da quarta parede, para nos explicar a origem dos poderes de Jennifer. Este acaba assim por se tornar um episódio introdutório de “origem” que, embora ocupe a maioria dos 38 minutos, é propositadamente “apressado” na explicação dessa origem. Tão apressado que para quem não estiver já habituado a estas coisas de como os super-heróis ganham poderes, fica confuso. Mas basicamente Jennifer Walters ganha os seus poderes de Hulk… acidentalmente… num acidente.
Pelo que li, na banda desenhada ela ganha poderes depois do primo Bruce, o Incrível Hulk, lhe salvar a vida com uma transfusão de sangue após ela ter sido alvejada. Aqui na série… bem, não há mesmo lugar para heroísmos ao redor de Walters. Ela ganha os seus poderes depois de acidentalmente o sangue de Bruce, que contém radiação gama, entrar em contacto com o seu e assim modificar o seu genoma, quando os dois se despistam num acidente de carro envolvendo uma nave espacial. Achei por bem deixar esta parte por escrito na review porque foi uma parte do episódio que não ficou muito clara para mim por não estar bem dentro do que torna o Hulk, um Hulk.
A Normal Amount of Rage foca-se na adaptação de Walters à sua nova vivência como uma hulk, ao lado do primo, que é surpreendido por ela não ter nem metade das dificuldades que ele teve. Sem dar espaço ao drama todo que rodeia as dificuldades de lidar com um alter-ego aquando das transformações, She-Hulk é menos “lobisomem descontrolado a cada lua cheia”, abrindo espaço, sim, para uma exploração mais cómica a que a série se propõe.
Se vai ser ou não uma série mais focada na advocacia ou no lado super-heróico de She-Hulk, a série não deixa bem claro com este primeiro episódio. Embora Walters diga que vai ser uma série sobre “coisas aborrecidas de advogados”, o final do episódio traz um twist, ao introduzir Jameela Jamil como a primeira vilã que She-Hulk tem que defrontar e que pelos comics é das suas principais rivais (tive que ir pesquisar, porque não conhecia a personagem), Titania.
She-Hulk: Attorney at Law passa também algum tempo deste episódio a fazer a ligação e posicionar a história na globalidade do Universo Marvel, com várias referências feitas aos outros Avengers que a permitem compreender. Embora para mim tenha sido desnecessária, uma vez que não sigo há muito os filmes, achei importante, dado terem ido buscar Mark Ruffalo e terem posto a série na linha temporal atual da confusão de storylines do Universo Marvel. E foi feita de uma forma leve pela curiosidade cómica de Walters, o que não cansou muito.
Mas histórias de origem e ligações com os Avengers à parte, o ponto forte desta série está, não nos efeitos especiais nem nos super-poderes, mas sobretudo no carisma e talento de Tatiana Maslany. Não podia terminar esta review sem o referir. A crítica internacional tem aclamado imenso a sua performance e, já sendo seguidora do seu trabalho noutros projetos, não me admira. Se ainda não conhecias a atriz e vai ser She-Hulk que te introduz a ela, a série já cumpriu um grande propósito. E depois, “do yourselves a favour” e vejam Orphan Black.
Entretanto, é aguardar por mais uns episódios de She-Hulk: Attorney at Law para formar uma opinião mais coerente sobre a série, e esperar pela reaparição de Charlie Cox como Daredevil num dos episódios!