Continuamos este Mês do Orgulho LGBTQ+ em alta com First Kill, a mais recente aposta da Netflix. Criado por Victoria Schwab, este drama sobrenatural adolescente teve a sua estreia no passado dia 10 de junho com First Kiss, que tem por base a short story homónima de Schwab para a antologia Vampires Never Get Old: Tales With Fresh Bite.
Três semanas após o seu 16.º aniversário, Juliette Fairmont (Sarah Catherine Hook), uma jovem vampira, vê-se pressionada a tomar a sua primeira vítima de modo a poder ocupar o seu lugar de direito entre a sua poderosa família de vampiros. Quando Calliope Burns (Imani Lewis) chega à cidade, Juliette encontra na jovem o seu marco. No entanto, a vampira é surpreendida quando Calliope revela ser uma caçadora de monstros, oriunda de uma célebre família de caçadores pertencente à Guilda dos Guardiões. Com o tempo, ambas descobrem que nenhuma será presa fácil. Na verdade, o difícil será não se apaixonarem.
Apesar de puxar alguma inspiração de séries como The Vampire Diaries ou Buffy the Vampire Slayer e até mesmo de alguns filmes, como é o caso da saga Twilight, First Kill apresenta-se como uma lufada de ar fresco no género em que se insere, sendo capaz, ainda assim, de proporcionar à sua audiência o sentimento de nostalgia associado à craze vampírica do final da década de 2000. Após uma eternidade de entretenimento focado em romances maioritariamente heterossexuais e caucasianos, First Kill reinventa os clichés associados a séries juvenis em torno de um casal lésbico e interracial, sendo este um dos seus maiores elementos diferenciadores dentro deste género.
De facto, a relação entre Juliette e Calliope é o verdadeiro selling point da série. O romance entre ambas espelha muito a clássica e sedutora tragédia de Romeu e Julieta: um casal desditoso, proveniente de famílias rivais, fadado ao fracasso. Esta sua dinâmica, interpretada de forma exímia por Hook e Lewis, serve como força motriz para todo o conflito de First Kill, delineando o caminho a seguir após este First Kiss.
Aliado a este cativante fruto proibido está todo um leque de personagens regulares que auxiliam à construção deste pequeno mundo criado pela série. Entre o elenco principal, destacam-se nomes como Elizabeth Mitchell no papel de Margot, a matriarca da família Fairmont, assim como Gracie Dzienny, que interpreta Elinor, a carismática irmã mais velha de Juliette. Num polo oposto, a família de Cal é composta por Aubin Wise e Jason R. Moore, que interpretam Talia e Jack Burns, os protetores pais de Calliope. Já Theo e Apollo, os irmãos mais velhos da personagem e cujas personalidades não poderiam ser mais diferentes, são interpretados por Phillip Mullings Jr. e Dominic Goodman, respetivamente.
Enquanto episódio piloto, First Kiss serve o seu propósito ao lançar de forma clara e emocionante a premissa da série. Na sua hora de duração, segue quase à regra a short story em que se baseia, apresentando-nos ao mundo de Juliette e, em seguida, Calliope, através dos seus próprios olhos, colocando a audiência diretamente na situação de ambas as protagonistas. O episódio confere ainda a First Kill o seu tom melodramático, campy e, acima de tudo, divertido, reminiscente das típicas séries de milhentos capítulos distribuídos por outras tantas temporadas nas quais cravei avidamente os dentes durante a minha adolescência.
O veredicto? Uma hora sólida de entretenimento que parece passar em pouco mais de cinco minutos, capaz de deixar qualquer um sedento por mais. Felizmente, não terás de esperar muito: os oito episódios que compreendem a 1.ª temporada de First Kill encontram-se já disponíveis para streaming através da Netflix.