The Essex Serpent, baseado no romance escrito por Sarah Perry, estreou no passado dia 13 na Apple TV+ e trouxe-nos uma Londres vitoriana brilhante e movimentada, mas que se desvanece no ar pesado, inóspito e desprovido de sol de Essex. A história não é algo de muito habitual e que se costume ver hoje em dia nos serviços de streaming e só isso já é de louvar. Em termos de plot, começaram ousados, mas será que a história consegue acompanhar a premissa? Veremos.
O primeiro episódio de The Essex Serpent dá-nos as primeira imagens da recém-viúva Cora (Claire Danes), que está intrigada com os rumores vindos de Essex sobre uma misteriosa e mítica criatura parecida com uma serpente marinha que tem estado a aterrorizar os habitantes locais e a espantar as localidades vizinhas. Juntamente com o seu filho Frankie (Caspar Griffiths) e a sua fiel companheira Martha (Hayley Squires), viaja para o condado determinada a investigar a legitimidade destes contos. No entanto, a realidade que lá vai encontrar não se avizinhará fácil.
Assim que o episódio entra no mundo de Essex, o ar brilhante de Londres desaparece e somos carregados com uma sensação de quase claustrofobia, dada a dimensão do nevoeiro. Aliás, é de louvar o diretor de fotografia, David Raedeker, pois os ares que são passados realmente fazem parecer que Cora está num lugar que luta com o peso de um segredo, com o sol mal aparecendo através da névoa nas terras pantanosas e os habitantes locais claramente no seu limite e cada vez mais aterrorizados (pois, para eles, a serpente é uma alegoria do diabo e, por exemplo, deixaram de se sentar no banco da igreja que tem uma cobra esculpida na lateral).
A história não se desenrola muito e as dúvidas iniciais permanecem ao longo deste episódio. Será que existe mesmo uma serpente? Será que a história nos levará para outros caminhos? Será que estaremos perante um thriller mais para o lado psicológico ou sobrenatural? Nada nos foi respondido em apenas 50 minutos; como já seria de esperar, a trama ainda agora começou e uma teia confusa cheia de suspeitas, paranoias e segredos espera-nos nos próximos episódios.
Em relação aos personagens, também ainda não há muito a dizer, apenas ficamos a perceber os traços mais evidentes destes e, pelo menos eu, não consegui ainda ganhar afeição e/ou desagrado por nenhum. Foi dado, deliberadamente, um maior foco à atmosfera e ambiente, em detrimento de um maior conhecimento sobre as personagens e de reviravoltas na trama. No entanto, pelas imagens vistas em The Blackwater, muitas relações difíceis serão abordadas, algumas delas amorosas.
Lindamente filmado e com uma grande atmosfera, esta adaptação pode ser lenta, mas sugere muito drama a seguir: a fé versus ciência certamente aguardar-nos-á e não será uma batalha fácil. As tendências góticas e ocultistas adicionam uma originalidade extra aos procedimentos. O primeiro episódio de The Essex Serpent é um começo promissor de uma série diferente e com um mundo ao qual espero regressar para me entreter.