Hello there!!
Tenho de começar esta review de Obi-Wan Kenobi assumindo que sou muito fã de Star Wars. Sou daqueles que coleciona merchandising, usa t-shirts e fala constantemente sobre este universo incrível criado por George Lucas lá nos anos 70. Vou ainda assim tentar fazer uma avaliação o menos parcial possível. Peço ainda que qualquer opinião mais romantizada me seja perdoada. Um outro ponto é que eu já vi o segundo episódio, uma vez que os dois primeiros episódios estrearam na passada sexta-feira no Disney+.
Não sabia muito bem o que esperar nestes meses antes da estreia. Por um lado, o hype era grande e voltar a ver Obi-Wan Kenobi, interpretado pelo grande Ewan McGregor, e Anakin, pelo fantástico (sim, eu sempre gostei dele) Hayden Christensen, era um sonho para mim. Cresci com as prequels, então estes personagens e estas caras são parte do início da minha paixão por este mundo. Ainda assim, o medo da desilusão falou mais alto. Tentei mesmo não esperar nada, mas foi tudo por água abaixo mal começa o episódio. A edição joga muito bem com os espectadores ao fazer uma excelente montagem de partes cruciais da vida de Anakin e Obi-Wan. O episódio piloto de Obi-Wan Kenobi passou a correr e a trama foi até diferente do que esperava, mas já falo disso mais à frente.
Para já, que bom que é ver Ewan McGregor de volta! Este homem conseguiu e consegue sempre transmitir aquilo que é a personagem. Estes são os tempos negros! O império está no auge e os jedi já não existem e dá para sentir a dor e até a responsabilidade nos ombros de Obi-Wan. É um homem triste, abandonado e marcado pela perda do seu irmão Anakin. Ao contrário do que vemos em A New Hope, onde Obi-Wan transmite coragem e vontade de lutar contra o mal, aqui não. Aqui, Ben, como agora é conhecido, está realmente destruído com tudo o que aconteceu e acredito que a transição de derrotado para um homem esperançoso como no filme Episódio IV seja precisamente um dos pontos que vamos ver durante esta série.
O episódio piloto de Obi-Wan Kenobi traz logo a primeira aparição live-action dos Inquisidores. Resumidamente, eles são caçadores de jedi e aparecem principalmente na série Rebels. A mudança física da cabeça do grande inquisidor para live-action em relação ao que vemos em animação foi uma das grandes críticas quando saíram as primeiras imagens da série. De facto, o formato dele é diferente, mas tenho de confessar que em dois minutos deixei de me lembrar disso. O personagem é, de facto, muito assustador, fazendo lembrar os generais nazis da Segunda Guerra Mundial. Uma das novas personagens, a inquisidora Reva, é uma das antagonistas da série. Ela é radical e quer a todo o custo mostrar-se ao Imperador e principalmente a Darth Vader, apanhando Obi-Wan. O episódio deixa pistas de que ela possa ser uma youngling que tenha escapado à ordem 66 e, por sua vez, tenha sido treinada no lado negro. No entanto, certos diálogos apontam para que ela tenha vindo do nada. Será esse nada os jedi? Talvez! Mas ainda é cedo para saber.
Um dos pontos mais altos do episódio foi a inclusão da princesa Leia. E que atuação da pequena atriz Vivien Lyra Blair! Ela conseguiu ser e parecer tudo o que vemos na princesa Leia. Onde quer que esteja, a eterna Carrie Fisher estará orgulhosa. Eu estava à espera que a princesa aparecesse aqui ou ali para alegrar os fãs, mas ela parece ser parte da história central. E ainda bem! Eu adoro Luke e ele será sempre uma referência no que toca a heróis, mas a verdade é que Leia é tão filha de Anakin e Padmé como ele e merece ter o mesmo protagonismo. Pouco tínhamos visto sobre ela antes do Episódio IV e é algo do canon que faz sentido trazer.
Tentando pôr de parte o meu lado de fã, existem alguns pontos que ainda me deixam a pensar. A nível de imagem e banda sonora, Star Wars dificilmente desilude, mas convém trabalhar melhor as cenas de ação. A cena da perseguição à princesa Leia foi bastante cómica e deixou muito a desejar. O próprio ritmo da série é lento e às vezes até demasiado parado. Percebo a intenção dado o momento do personagem, mas talvez não precisasse de ser tanto. Além disto, algumas questões do canon fazem-me questionar a presença de Leia. Supostamente, ela não conhecia Obi-Wan no Episódio IV. É certo que tudo em Star Wars pode mudar dependendo da perspetiva, mas isto é muito, mesmo para este universo. Recordando o icónico momento em que, no Episódio IV, R2-D2 transmite a mensagem de Leia, ela dirige-se a Obi-Wan como um ex-companheiro de guerra do seu pai, dando a entender que não o conhece. Por isso, ou Leia conhece Ben e não fez a conexão ou então não fará muito sentido, mas certamente que teremos mais informações para nos ajudar a perceber.
Este texto já vai longo e não vos quero maçar mais. Enquanto fã de Star Wars, eu adorei o episódio. Fiquei colado ao ecrã a desejar mais e mais. Ao analisar mais friamente, não posso dizer que seja perfeito. Acho que é perfeito para nós, para os fãs. É um abraço que a saga nos dá. É nostalgia e amor em forma de televisão. Mas claro, caso não sejas fã, certamente que o episódio vai parecer muito diferente. Esta é uma série para ser vista por quem realmente conhece a saga e não para conquistar novos fãs. The Mandalorian consegue fazer isso mesmo trazendo o saudosismo do momento, mas Obi-Wan Kenobi é uma continuação direta do Episódio III e não há como fugir disso. Estão lá os nossos heróis e vilões preferidos e o sempre comum fan service que impera nestas obras. Mas se, como eu, és apaixonado pela série e cresceste com estes personagens, a série vai entregar exatamente aquilo a que se propôs.
Um verdadeiro mergulho nostálgico numa galáxia muito, muito distante.