No passado dia 15 de abril estreou na Apple TV+ o episódio piloto de Roar, uma inovadora série antológica de oito episódios. Cada dramático episódio de 30 minutos centra-se numa mulher e retrata as consequências da forma como os outros as veem, nunca dispensando um toque de comédia negra.
The Woman Who Disappeared apresenta-nos Wanda (Issa Rae) como figura central e inicia-se com uma cena da protagonista a chegar ao aeroporto. É uma mulher de raça negra e humilde escritora de sucesso que enfrenta uma crise de identidade, impulsionada pela falta de confiança em si mesma. Como artista, valoriza a autenticidade da obra, mas será Wanda forte o suficiente para se afirmar e impor como profissional? Como espectadores, vemos as suas inseguranças e medos serem retratados de uma forma peculiar e metafórica que capta a nossa atenção, desassossegando-nos inicialmente, para depois sermos envolvidos pelos significados implícitos em cada cena. As inquietações de Wanda estão relacionadas com o racismo, com o facto de ser rebaixada por ser mulher e, consequentemente, com o facto de se sentir invisível.
O espectador depara-se com temas como o sucesso profissional, o racismo, a realidade virtual, a retirada de poder à mulher e a pressão externa, num constante paralelismo metafórico entre a invisibilidade e a falta de confiança. Considero que uma das mais importantes mensagens deste episódio é que uma mulher precisa de ter confiança para ser “vista” e ouvida, num mundo que ainda leva a cabo muitas injustiças com base no género.
No que diz respeito à banda sonora, a música presente no início do episódio conquistou-me de imediato, fazendo-me ficar ainda mais interessada no que estava prestes a ver. Ao longo do episódio estão presentes peças musicais animadas energéticas, bem como outras mais calmas e inspiradoras, encaixando todas elas eficazmente em cada cena.
O título Roar (em português, rugir), homónimo do livro de Cecelia Ahern, assenta que nem uma luva na série e transmite aquele que até agora se revela como tema central, uma metáfora para a luta da mulher numa sociedade que ainda a oprime. Na verdade, os contos da autora que inspiraram os episódios são a razão para este título de episódio tão interessante. Apesar de não ter achado o episódio espetacular, achei o conceito inovador o suficiente para ter vontade de ver mais.