[Não contém spoilers]
O canal AXN Portugal estreou ontem Superdotada: Alto Potencial Intelectual (HPI: Haut Potentiel Intellectuel, no original), uma série franco-belga sobre uma empregada de limpeza com um elevadíssimo QI de 160 que acaba a ajudar a polícia na investigação de casos.
Depois de Castle, temos então mais uma cidadã improvável a fazer trabalho policial. É claro que temos aqui uma premissa pouco credível e confesso que estou bastante cansada de séries de investigação, mas não podia deixar de espreitar esta, que tem Audrey Fleurot, a minha atriz francesa preferida, no elenco.
No entanto, com Engrenages, Un Village Français e Le Bazar de la Charité, estava habituada a vê-la num registo mais sério e dramático e aqui ela tem a oportunidade de mostrar o seu lado mais cómico. Está aprovado! Se bem que a série tem um tom um pouco mais pateta do que aquilo que eu gosto. Tem piada, é certo, mas a personagem principal, Morgane Alvaro, tem um bocado de lata a mais e não parece ser dotada de grande filtro, seja em relação ao que faz ou ao que diz.
Contudo, não há como enganar! Audrey e a sua Morgane são a verdadeira atração desta série. Aquela primeira cena em que ela está a ouvir uma boa música, enquanto dança e limpa ao mesmo tempo, faz o trabalho parecer realmente divertido e cria uma energia muito boa que embala para o resto do episódio. A vida familiar da personagem é um tanto ou quanto caótica, visto que tem três filhos com idades e personalidades muito diferentes, e também proporciona momentos bastante giros de ver, mas a parte da investigação policial acabou por ser um tanto ou quanto chata. Então quando tínhamos apenas os polícias a investigar, ainda mais isso se notava. Numa série destas acho que é importante que os casos também sejam capazes de cativar e este não conseguiu suscitar-me curiosidade. No caso de as próximas investigações se tornarem mais cativantes, a série tem potencial, até porque nos foram mostradas algumas dinâmicas que têm tudo para ser boas, como a de Morgane com a sua chefe na polícia e a de Morgane e da família com o vizinho já velhote que ajuda a tomar conta dos miúdos.
O episódio é longo, com mais de 50 minutos, mas vê-se bem. A série é levezinha e divertida e está a fazer sucesso em França e na Bélgica, mas quando muitos de nós já começam a acusar o cansaço em relação a este tipo de séries, visto que o mercado televisivo está repleto de policiais, acaba por não ser marcante. Aqui a falha maior é mesmo em termos da investigação policial, em relação à qual se exigia mais. No entanto, é uma série boa para ver em família, desde que os miúdos da casa não sejam muito pequenos.
Diana Sampaio