[Não contém spoilers]
Todo lo Otro (também conhecida como Everything Else ou Dafne and the Rest) é uma das primeiras séries originais espanholas da HBO Max. Passada em Madrid, centra-se numa jovem trans que está a passar por uma fase complicada na vida.
Abril Zamora é a criadora, argumentista e realizadora da série e, tal como a personagem principal a quem dá vida, também ela é trans, o que significa que estamos perante uma contadora de histórias que conhece bem a realidade de Dafne. Não é segredo para ninguém o meu interesse por produtos de ficção com foco em personagens da comunidade LGBTQ+, mas se essa é uma característica que me atrai muitas vezes, em muitos dos casos não é o suficiente para me fazer gostar de uma série ou de um filme. No entanto, gostei de Todo lo Otro.
Para começar, o piloto tem cerca de 30 minutos e eu gosto de episódios curtos. A favor da série funciona também a dinâmica entre o grupinho de amigos de Dafne. São vários e não os vimos todos juntos, mas vimos vários deles a interagir de forma próxima com a personagem principal. Achei especialmente gira a amizade entre Dafne e o melhor amigo de longa data e o facto de terem estado sempre lá um para o outro, nomeadamente durante a transição dela. Nem sempre os amigos estão presentes nos momentos mais difíceis, mas não é, de todo, o caso. Gostei da própria protagonista, apesar de ter de concordar em parte com as pessoas que estão à volta dela e a acusam de ser muito dramática. No entanto, que vão com calma ao dizer-lhe isso, até porque Yerai também me parece dramático o suficiente, perdendo a moral para falar sobre isso.
A série acaba por ser relatable porque vemos serem abordadas questões como o fim das relações amorosas, o estar-se num emprego do qual não se gosta, mas que se tem que aguentar por falta de alternativas… No entanto, não posso deixar de dizer que o ponto mais diferenciador acaba por ser o termos uma personagem trans, interpretada por uma atriz trans, no centro da narrativa e, para mim, isso também é muito positivo.
Não tenho nenhuma “paixoneta” pela língua espanhola, como muitas pessoas que eu conheço, mas já há muito tempo que as séries faladas noutras línguas que não o inglês deixaram de me fazer qualquer confusão. Se gostas de séries leves que não fazem pensar muito, espreita!
Diana Sampaio