[Contém spoilers]
A minissérie Station Eleven transporta-nos para um cenário de pandemia, mas não tem qualquer ligação com aquela que enfrentamos atualmente. Aliás, a série é inspirada num livro de 2014, da autoria de Emily St. John Mandel, e retrata uma pandemia de gripe suína que rapidamente transforma o mundo num cenário apocalíptico.
A julgar pela premissa da série, este piloto ainda não entrou propriamente na trama que iremos acompanhar ao longo dos próximos nove episódios, mas começou bastante bem. A trama começa quando um ator morre em cena, durante uma peça inspirada num livro de Shakespeare. Ainda parece que estamos num cenário normal, mas o episódio acaba por mudar de “tom” muito depressa, para um ambiente de catástrofe. Nesse aspeto, pareceu-me tudo bastante rápido. Quer dizer, todos nós estamos a viver uma pandemia e de um momento para o outro não passámos da normalidade para o modo “vamos todos morrer”. É claro que houve uma grande preocupação, os negócios fecharam, várias pessoas encheram a despensa com coisas do supermercado com receio de que a cadeia de abastecimento pudesse falhar, que a vida como a conhecíamos mudou, mas muitas outras coisas continuaram como normalmente. No entanto, é perfeitamente compreensível que a série não tenha querido perder muito tempo com essa transição e tenha passado logo para o que realmente importava.
Outra coisa que me fez um bocado de confusão (é a última) foi como Jeevan achou que não fazia mal andar com uma criança que não o conhecia de lado nenhum. Sim, eu sei que ele não tinha quaisquer segundas intenções e que quis protegê-la, porque ela basicamente foi abandonada à sua sorte, mas… é para isso que serve a polícia. Até porque, ao início, não se tratou de uma questão de sobrevivência. Não foi um daqueles casos em que uma pessoa não tem alternativa. Simplesmente ele não foi muito sensato. Seguindo em frente… Fora estas minhas duas observações mais negativas, a verdade é que o episódio foi bastante bom. Tem um ótimo ritmo e passou num instante, a história agarrou ao ecrã, como é frequente numa história de sobrevivência, e a banda sonora também é muito mais do que razoável. O elenco, para já, não é muito extenso, e houve pouco destaque dado a personagens que não os de Himesh Patel e Matilda Lawler, mas quando os protagonistas são bons, é meio caminho andado.
No final do episódio, demos um salto de 20 anos no tempo, embora esteja prometido que a série se vá passar em várias linhas temporais. Não sei se avançar para uma fase pós-apocalíptica será tão interessante, porque os cenários de apocalipse dão ótimas histórias e aqui nem sequer fica em aberto o mistério de saber o que lhe deu origem, pois já sabemos. Na verdade, comecei o episódio sem grandes expectativas devido à sua premissa e acabei por encontrar uma história diferente, portanto estou um pouco reticente ao quanto possa gostar daqui para a frente, quando a série for realmente de encontro àquilo que prometia. No entanto, vale a pena espreitar!
Diana Sampaio