[Não contém spoilers]
O Homem não nasceu para trabalhar. O Homem nasceu para criar.
Barman é a mais recente aposta digital da RTP – uma minissérie criada exclusivamente para a plataforma de streaming do canal público, que conta com sete episódios e tem como foco a jornada de um jovem que tenta concretizar o seu sonho de ser comediante. Criada pelo humorista Carlos Pereira, que se inspirou no seu próprio percurso e que dá vida ao protagonista homónimo, Barman apresenta um primeiro episódio que possivelmente representa os sonhos, os desafios, os falhanços e as conquistas de quem quer seguir este percurso.
Em 25 minutos, o espectador fica a conhecer a personagem principal e os obstáculos que claramente enfrenta para conseguir ser humorista. Vive na casa de um amigo onde não paga renda e vai fazendo umas atuações com pouco ou nenhum retorno financeiro. A sinopse revela que Carlos eventualmente toma a decisão de pôr de parte temporariamente o seu sonho para trabalhar como barman e juntar algum dinheiro. Embora esse caminho ainda não apareça, e tendo em conta o que é mostrado no primeiro episódio, é impossível não ficar com curiosidade por saber como se vai safar nesse cargo.
Numa série sobre alguém que deseja que a comédia seja a sua vida, este ingrediente não podia faltar e ao longo dos minutos vão sendo incluídas algumas tiradas cómicas que fazem suscitar um sorriso e até mesmo uma gargalhada. No final, fica a ânsia de que Carlos realmente consiga concretizar o seu sonho. Será que a história termina com um grande espetáculo de stand-up comedy? Seria totalmente apropriado. E no final fica ainda a sensação de que, nem meia hora depois, já se faz parte deste círculo de amigos e desta aventura, que promete muitas peripécias.
Esta minissérie é mais um exemplo de que com pouco se pode fazer muito. Barman faz parte da lista de projetos do RTP Lab, o laboratório experimental da RTP que permite às produções mais pequenas terem o devido destaque, e o seu desenvolvimento contou com muito sangue, suor e lágrimas para chegar agora aos pequenos ecrãs portugueses. É de louvar o esforço que todos os envolvidos fazem para contar a sua história e dar a conhecer o seu trabalho, a par do compromisso do canal público para com a ficção nacional, cujo apoio, embora não seja tanto quanto deveria, continua a ser uma grande ajuda para os talentos portugueses – sejam produtoras, atores, técnicos, realizadores, argumentistas e outros que tais.
Beatriz Caetano