[Pode conter spoilers]
And Just Like That…, o grupo de amigas mais famoso de Nova Iorque está de volta. Ou quase…
Devo dizer que todo este primeiro episódio provocou em mim um tumulto de emoções. Para começar, se és/eras fã de Sex and the City, é obrigatório veres! Se ainda não foi percetível, este piloto deixou uma grande impressão que acho que agradará à maioria dos fãs.
Já se sabe que Samantha não está presente e essa talvez seja a pior parte de toda esta ideia de trazer a série de volta. Ainda assim, a sua memória não é esquecida e parece-me que não o será assim tão cedo, o que acaba por respeitar um pouco a personagem e, quem sabe, dar-lhe espaço para regressar. Falando sobre ausências, parece que teremos pelo menos mais duas. Pois é, Stanford está presente, mas o ator, Willie Garson, faleceu no passado mês de setembro, por isso será sol de pouca dura. A terceira personagem que nos abandona fá-lo no final deste episódio e confesso que me deixou bastante triste – ainda que digam que este sempre foi o plano para o personagem caso tivessem embarcado num terceiro filme. O final do piloto é portanto muito emotivo e deixa-nos a querer ver o seguinte para perceber como lidar com esta partida.
Deixando aspetos tristes de lado, posso dizer que And Just Like That… conseguiu corrigir aspetos em que a série original falhou, atualizando toda a narrativa. Desde Miranda, que se recusa a ouvir podcasts e inicia uma cadeira de politicamente correto; a Carrie, que estava habituada a estar à frente do seu tempo, a escrever sobre sexualidade de uma forma aberta e agora confronta-se com o facto de não se sentir assim tão confortável em ser um livro aberto quando lhe é pedido num podcast. Todos os personagens são confrontados com a velhice e com a mudança dos tempos. Enquanto Miranda parece ser a que mais quer acompanhar os tempos a nível social e Carrie a que mais se quer adaptar a nível tecnológico e profissional, Charlotte parece estagnada no tempo, mas ninguém foge à personalidade a que estamos habituados. Acima de tudo, a série adota um rumo bem realista. Charlotte sempre quis ter uma relação e família mais tradicional e na série original isso dava diversidade de narrativas. Agora continua fiel a si mesma, mas a idade começa a pesar e a forma como julga as amigas é capaz de a fazer passar por antiquada para alguns.
Para além da narrativa, o elenco também foi aumentado, permitindo que alguma diversidade se infiltrasse da melhor forma possível. Falta saber se estas novas personagens vão conseguir o título de protagonistas no futuro!
A nível sonoro e de guarda-roupa, a série entrega o que sempre entregou, com pequenos detalhes que nos remetem para o passado como os sapatos azuis do casamento de Carrie, o que me faz crer que isto será uma constante, ainda que subtil. O que deixa algumas saudades é a narração que Carrie costumava fazer… quem sabe se ela se dedicar à escrita de novo isso também regresse.
Concluindo, para fãs da série original, ou para quem está à procura de um grupo de mulheres que prova que a vida é uma eterna descoberta pessoal, esta série consegue proporcionar uma tarde bem passada!
Ana Leandro