[Não contém spoilers]

Sessão de Terapia estreou no canal brasileiro GNT e esteve no ar entre 2012 e 2014, tendo regressado cinco anos mais tarde, através da plataforma Globoplay, para a 4.ª temporada.

Confesso que, desde o primeiro minuto, a série me fez pensar em Scenes from a Marriage. Isto não é nada de estranhar, porque Sessão de Terapia é a versão brasileira da israelita BeTipul, de Hagai Levi, que é precisamente o criador de Scenes From a Marriage. No entanto, eu não sabia isso antes de começar o episódio, mas o registo intimista é demasiado parecido para que não me tivesse apercebido das muitas semelhanças entre as duas séries.

Scenes From a Marriage era uma série em relação à qual tinha muitas expectativas, mas que acabou por não resultar para mim e o mesmo aconteceu com Sessão de Terapia. Aqui não temos um casal, mas sim um terapeuta e a sua paciente, Júlia, interpretada por Maria Fernanda Cândido, de quem me lembrava muito bem de Terra Nostra, dos velhos tempos em que as novelas brasileiras ainda eram as rainhas da ficção que passavam cá em Portugal.

Seria de pensar que este estilo intimista ajuda a criar uma relação de proximidade com o espectador, mas acho que acaba por exercer o efeito oposto. É bom quando uma série tem um certo tom realista, mas isso é levado a extremos quando parece que fomos invadir a sessão de terapia de alguém. Os 30 minutos são, literalmente, duas pessoas a conversarem, sempre no mesmo sítio, quase sempre sentadas, e a conversa nem sequer é interessante. É aborrecido e não há outra forma de o dizer. A culpa não é dos atores, que fazem um bom trabalho a interpretar os seus papéis, mas sim do argumento, que ganha, ainda por cima, uma importância acrescida numa série deste género. Quando não conhecemos uma personagem nem temos qualquer contexto sobre quem ela é ou como é a sua vida ou relações pessoais, é difícil importarmo-nos. E dei por mim sem me importar durante o tempo inteiro do episódio.

Não se trata de ser uma série má, trata-se simplesmente de um estilo de que não gosto nada, tal como não gostei da série de Hagai Levi para a HBO, apesar de contar no elenco com Jessica Chastain, que é uma das minhas atrizes preferidas. Parece-me que é uma série para um nicho muito específico de espectadores do qual, claramente, não faço parte.

Diana Sampaio