[Contém spoilers de Dexter e Dexter: New Blood]
Sim, é verdade. Após tanto tempo, o nosso assassino em série favorito está de volta. Dexter Morgan regressa em Dexter: New Blood depois de termos terminado uma temporada a saber que ele se tinha escapado, mudado de nome, e fingido a sua morte. A nova realidade de Dexter começa sob o nome de Jim Lindsay e, dez anos depois, reentramos na sua vida com o primeiro episódio Cold Snap.
Quase como que uma ode ao registo meio frio a que Dexter nos habituou, estamos permanentemente sobre um cenário de neve e gelo nesta Iron Lake onde mora agora Jim Lindsay sob toda uma nova rotina que parece manter o seu dark passenger controlado.
Confesso que após um final (quase) incrível – sim sou das que achava que teria tudo sido mais poético se Dexter tivesse morrido – estava com as expectativas muito baixas, não querendo bem ver esta nova série que achei apenas que viria estragar a beleza crua que a série-mãe nos entregou há uns anos. O júri ainda não decretou veredicto final.
Num episódio de crescimento lento e cenários frios, é-nos entregue um bocadinho de tudo: a familiaridade a que Dexter nos habitou nas suas anteriores temporadas, e a tentativa de trazer algo diferente. As cenas mais interessantes do ponto de vista da interpretação são sem dúvida as interações entre Jennifer Carpenter no papel de Debra e Michael C. Hall no papel de Dexter (na sua mente, tal como há uns anos era com Harry).
Talvez tenha ficado um pouco aquém no que toca à beleza do assassinato – dito assim até parece mal, mas a verdade é que a série-mãe foi incrível na entrega das cores, dos espaços, de tudo o que rodeava o momento quase de ‘culto’ que era o aparecimento do dark passenger de Dexter Morgan e que culminava na morte de alguém extremamente culpado de algum crime. Senti que talvez esse momento, o momento em que Dexter Morgan aparece depois de dez anos a tentar ser apenas Jim Lindsay, tenha ficado demasiado aquém. Ou foi mal executado, ou a chama do antigamente já não está lá (cá).
A adicionar a esta familiaridade que a série pede, entram novas personagens e novos contextos: um mogul do petróleo, uma namorada chefe da polícia, miudas indígenas desaparecidas de quem ninguém quer saber. Tinha que haver motivo para o nosso Dearly, Devoted Dexter trazer o seu alter-ego assassino de volta não é?
Entretanto, a acrescentar a essas novas personagens na série chegamos ao fim do primeiro episódio e percebemos que Harrison, o filho de Dexter e Rita, chegou para ficar. Por um lado, temi que o “esquecimento” de Harrison ou Hannah fosse inevitável, mas lá arranjaram maneira de não criar um buraco negro no argumento. Por outro, até que ponto não foi um desfecho demasiado fácil e óbvio?
Restam algumas questões que certamente irão make-it-or-break-it no sucesso de Dexter: New Blood. Será que o aparecimento de Harrison significa que vamos ver Dexter a ser honesto com o seu filho ou será que Harrison tem o gene do serial killer também e vão andar a ocultar as vidas paralelas um do outro? Será que isso é interessante o suficiente para trazer a série de volta? Como é que há tantas miúdas indígenas desaparecidas e de que forma irão construir esta história que certamente levará Dexter ao encontro deste(s) culpado(s)?
Só o tempo o dirá. Dexter: New Blood será transmitida em Portugal pela HBO.
Joana Henriques Pereira