[Não contém spoilers]
“É importante questionarmos o que poderia ter sido, mas aprendi que ainda mais importante é perguntarmo-nos o que se segue?”. O piloto de Ordinary Joe, seguindo um fenómeno já explorado em produções como Butterfly Effect, reflete sobre o impacto das escolhas do passado e como pequenos detalhes podem/poderiam alterar o rumo do presente.
Joe Kimbreau (James Wolk), o narrador e personagem principal desta produção da NBC, é um jovem que se vê confrontado, no dia da sua entrega de diplomas da faculdade, com uma decisão que pode levá-lo a três caminhos diferentes: perseguir o sonho de se tornar no novo Billy Joel, seguir as pisadas do seu pai e tio enquanto polícia ou tornar-se médico.
O piloto de Ordinary Joe tem a particularidade de, apesar de nunca revelar qual foi o caminho escolhido, acompanhar os efeitos de cada uma destas decisões na pessoa que se veio a tornar, ao mostrar as diferenças de personalidade, confiança e de interação das personagens consoante cada uma das timelines, conseguindo, ainda assim, apesar de ter três histórias em simultâneo, manter uma ordem cronológica clara e bem construída e mostrando-nos o rumo da vida e relações pessoais de Joe em cada uma delas.
Cada uma das opções de Joe envolve um “quadrado amoroso” com surpreendentes elementos que só são desvendados a meio do primeiro episódio e que acabam por ser decisivos para o desenrolar de cada uma das histórias.
O que mais me interessou nesta série foi perceber a forma como as histórias acabam por se cruzar e como, apesar de os rumos serem completamente opostos, se mantém esta ideia “romântica” do passado e dos caminhos não escolhidos, com Joe a recordar-se e questionar-se frequentemente, direta ou indiretamente, sobre aquele dia marcante. O piloto de Ordinary Joe acaba por ser, ironicamente, uma total antítese da frase inicial.
Diogo Gouveia