[Pode conter spoilers]
Criada por Saladin K. Patterson, The Wonder Years, a nova comédia dramática da ABC, é também um reboot da série de televisão com o mesmo nome que começou no ano de 1988 e que terminou em 1993. O primeiro episódio desta nova versão, que nos faz viajar no tempo de uma forma interessante e encantadora, conta a história de Dean Williams (Elisha “EJ” Williams) e da sua família.
Estamos no ano de 1968 e Dean, o nosso narrador (Don Cheadle), conduz o espectador pela sua pré-adolescência e pela vida da família. Este é um ano que, nos Estados Unidos, ficou marcado não só por uma gripe pandémica, mas também pelos movimentos antirracismo e pela luta da comunidade afro-americana por igualdade de direitos, acontecimentos que nos aproximam daqueles que vivemos recentemente, em 2020.
O primeiro episódio de The Wonder Years conta com 20 minutos de pura nostalgia. Dean apresenta-nos o seu pai, Bill Williams (Dulé Hill), que é professor e músico e a mãe, Lilian (Saycon Sengbloh), que, para além de dona de casa, é também assistente do treinador de beisebol Long (Allen Maldonado). Dean é o mais novo de dois irmãos: o mais velho encontra-se na guerra do Vietname e a irmã Kim (Laura Kariuki) vive uma descoberta acerca dela mesma num ano marcado pela luta pela igualdade na América. Dean tem uma paixão por Keisa Clemmons (Milan Ray) e tem dois melhores amigos: Cory (Amari O’Neil), o filho do treinador, e Brad (Julian Lerner).
Este primeiro episódio, emotivo e forte, mostra um argumento interessante, bem conseguido e uma realização extremamente bem concretizada. Vence pela banda sonora que nos faz viajar no tempo, assim como os figurinos e costumes passados pela interpretação do elenco.
The Wonder Years apresenta-se como uma série de comédia e o espectador consegue soltar algumas gargalhadas neste primeiro episódio, mas mostra também uma certa vulnerabilidade, uma vez que neste primeiro episódio a família Williams, que vive em Montgomery, no Alabama, recebe a triste notícia da morte de Martin Luther King, um ícone da luta pelos direitos civis.
Irá ser de certo interessante ver a jornada de Dean e como este começa a aperceber-se de certas coisas que, na sua cabeça, não são prejudiciais à sua vida, mas com o tempo vai ter uma verdadeira noção daquilo que é ser um rapaz negro nos Estados Unidos. The Wonder Years promete transmitir conteúdo e assuntos relevantes muito atuais nos dias de hoje e nunca é demais serem abordados.
Margarida Rodrigues Pinhal