É bom saber que há coisas que nunca mudam nesta vida. Tranquiliza perceber que a tradição é o que era e que há uma parte da produção nacional que vive numa específica timeline cíclica, em que a originalidade vai morrer e o objetivo é torturar qualquer sinal de inovação. Bem-vindos ao Pecadoda TVI, onde o Céu é mesmo evitá-lo.
Não sei bem quem culpar no meio disto tudo. Se a culpa é toda da criadora Maria João Costa, o realizador António Borges Correia bem tentou safar a coisa com alguns planos aéreos que lavam os olhos com algo que é desta década. A cinematografia bem tenta, mas é difícil ser fresco quando o dialogo é 50% passado num carro/telemóvel e é 100% constituído de lugares comuns. Tudo, repito, tudo é algo que já viram em todas as produções nacionais até hoje. Se tal parece uma crítica, desenganem-se, porque estou a elogiar esta enciclopédia de bons costumes. É uma espécie de homenagem a tudo o que a televisão nacional já criou, num só episódio. Por onde começar então…
Bom, por um lado continua o fascínio tuga de tornar o padre novo e gostoso num alvo do desejo. Este padre, Santiago, claro, respeita os costumes mas tem uma mente progressista. Conduz um Renault 4 e faz running! Do outro lado está uma menina rica, Maria, óbvio, que é professora dos pequeninos como manda a tradição nestas coisas. Como qualquer mulher, não sabe conduzir e farta-se de ter acidentes. O episódio prossegue então em pegar nestas duas alminhas e esbarrá-las uma contra a outra, como quem pega na Barbie e no Ken e os esfrega um no outro. A delicadeza e a subtileza é idêntica em ambos os casos. Ela quase o atropela, ele passa pelo carro acidentado dela, eles cruzam-se na igreja, cruzam-se na pedreira, ela é surpreendida por o ver a correr apesar de estarem numa longa estrada sem árvores ou obstáculos. Ela espeta-se, porque lá está, é mulher e não sabe conduzir. Ele rasga-lhe a camisa para fazer reanimação cardíaca quando ela fechou os olhos há segundo e meio… Em verdade vos digo, é tudo tão incrível quanto parece.
A trama começa porque há uma explosão numa pedreira que pertence à família da protagonista. Morre um bispo e tal, e estraga também os planos de contrabando ao patriarca. Simultaneamente, a menina protagonista tem casamento marcado com o primeiro namorado que alguma vez teve. Namorado esse que é o Lourenço Ortigão, mas que a melhor amiga acha que ela devia arranjar melhor. A matriarca é abusada pelo pai mas faz papel de boa mulher de família e tenta disfarçar, porque é assim que tem de ser! Ah, já disse que a máfia com quem o pai se mete em negócios obscuros tem um tipo que fala italiano? Não, não estou a gozar! O que vale é que o futuro genro tem também uma pedreira, por isso não há grande stress. Realmente quando um gajo tem o enredo a ajudar, tudo se resolve.
Se a vossa ideia de viver no limite é desafiar o quanto conseguem revirar os olhos sem que eles fiquem permanentemente virados para a nuca, Pecado é para vocês. É tão boa como parece e adivinham-se twists absolutamente incríveis. Eu se fosse a Daniela Melchior tinha pedido um empréstimo ao banco para comprar esta série e enterrá-la debaixo de uma árvore. Ninguém merece isto, dos atores ao serviço de catering. Muito menos nós.
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