[Não contém spoilers]
Está a chegar o mês de outubro o que, para os fãs do terror, significa o mês do Halloween e de todo o conteúdo televisivo assustador. Ainda em setembro, mesmo para entrarmos com o pé direito no mês mais assustador do ano, a Netflix traz-nos Midnight Mass, uma série que promete deixar-nos presos ao ecrã.
Mike Flanagan, o criador de The Haunting of Hill House e de The Haunting of Bly Manor, é o criador, realizador e argumentista desta nova série que mistura religião com terror. Não é surpresa para ninguém que as suas duas últimas produções revelaram-se um verdadeiro sucesso entre os fãs do género e não só. Para além de uma boa história, as séries têm um elenco incrível e uma cinematografia belíssima. Por isso, a expectativa era alta e posso começar já por dizer que Flanagan conseguiu mais uma vez estar à altura das mesmas.
Muito resumidamente, a história deste episódio piloto de Midnight Mass, parte do momento onde o protagonista, Riley, regressa à sua pequena ilha onde cresceu depois de ter estado quatro anos preso. A comunidade da ilha é bem pequena e, por isso, o regresso de Riley não passa despercebido aos habitantes. Mas o grande drama vem da parte religiosa. Todos os habitantes são muito crentes e a religião ocupa um papel gigante nas suas vidas. Por tudo isto, o aparecimento de um novo padre e o início de uma grande tempestade vão levar a misteriosos acontecimentos.
Esta mistura do terror com a religião é um tema muito poderoso porque tanto pode dar muito certo como pode cair no ridículo, mas neste primeiro episódio gostei muito da abordagem que deram à mesma. O facto de vermos a religião pelos olhos dos mais velhos e ao mesmo tempo vermos pelos olhos de Riley, que passou os últimos anos da sua vida preso, faz com que exista um contraste muito interessante sobre a procura de Deus e de que forma é que ela acontece. Um exemplo rápido: para a família de Riley, ele deve frequentar a igreja procurando o perdão de Deus pelo seu crime; já Riley vê as coisas de outra forma. Ele sente que Deus o abandonou e durante o seu tempo na prisão tornou-se ateu. Para além desta questão temos personagens muito ricas. Todos os personagens são misteriosos e aparentam esconder alguma coisa. Claro que vendo apenas um episódio é complicado decifrar logo tudo, mas parece que existe uma aura sobrenatural a rondar a ilha e fico muito curioso para saber o que vai acontecer. Mais uma vez tenho de mencionar a cinematografia de tão boa que está. Alguns planos são verdadeiramente marcantes. O jogo de luz e o contraste consoante o que está a acontecer funciona em praticamente todos os momentos.
Como ponto menos positivo e talvez o que faça com que algumas pessoas não gostem tanto da série é o seu ritmo lento. São apenas sete episódios, mas só no primeiro dá para perceber que vamos levar tempo a conhecer as personagens e o que é que cada uma é na realidade. Para mim acaba por funcionar, mas entendo que seja motivo para afastar algumas pessoas.
Com tudo isto, para entrarmos bem no mês do Halloween, vão ver esta série. Entrem nesta ilha religiosa e deixem-se surpreender pelos acontecimentos.
Carlos Real