The Ordeal, o primeiro episódio da nova série de comédia dramática, Blindspotting, parece fazer jus ao objetivo principal da série: contar uma história problemática através do humor, desabafos íntimos com a audiência e momentos musicais descontraídos entre as personagens.
A série relata a história de Ashley Jones (Jasmine Cephas Jones), que, depois de observar o seu companheiro, Miles (Rafael Casal), a ser levado para a prisão por posse ilegal de droga, se vê obrigada a abandonar a casa em que vive, juntamente com o filho, Sean (Atticus Woodward), para ir viver com a sogra, Rainey (Helen Hunt), e a cunhada, Trish (Jaylen Barron).
Desde logo, percebemos, pelas reações e comentários de Ashley, que a sua relação com a sogra e, principalmente, com a cunhada não é a melhor. Desde maus hábitos, como é o caso do tabaco, a profissões e ocupações questionáveis quanto à sua “moralidade”. Assim, é-nos óbvio que a sua adaptação à nova vida, à nova casa e à nova companhia vão ser os grandes focos da narrativa ao longo dos oito episódios.
Curiosamente, esta série é um spin-off do filme Blindspotting (2018), realizado por Carlos Lopéz Estrada e escrito e protagonizado por Rafael Casal. A história da série ocorre seis meses após o final do filme. Contudo, a energia, o tom e o humor mantêm-se intactos.
Apesar de, inicialmente, parecer uma narrativa simples e banal, a verdade é que acredito que Blindspotting tem tudo para poder brilhar. Os desabafos ocasionais que Ashley tem com a audiência, ao fixar a câmara e declamar rimas sentidas e zangadas, é um dos pontos que, a meu ver, torna a série mais apelativa. Inicialmente é difícil entender a relevância dessas interseções, mas a verdade é que, de forma inesperada, enriquecem a história. Adicionalmente, também os momentos musicais que, até agora, foram poucos, dinamizam o ritmo da narrativa e das vidas das próprias personagens.
Blindspotting promete surpreender e divertir enquanto, em simultâneo, aborda diversos temas sérios e problemáticos.
Inês Ribeiro