[Pode conter spoilers]
Navillera é uma das apostas mais recentes da Netflix e, no seu piloto, apresenta-nos a história de Shim Deok-chul (Park In-hwan), um homem de 70 anos reformado que decide seguir o grande sonho da sua vida: aprender ballet. Ainda que, quando era novo, este sonho não agradasse à sua família, agora não tem nada a perder. Mas sejamos sinceros, também já não está na sua melhor forma. Na academia de dança, cruza-se com Lee Chae-rok (Song Kang), um dançarino de 23 anos que está a tentar encontrar um rumo para a sua vida, entre a dança, o trabalho, a morte da sua mãe e um pai que foi preso. Sendo esta a sinopse da série, o primeiro episódio leva-nos logo nesta direção, ainda que os protagonistas só se cruzem no final.
Embora estivesse muito entusiasmada por ver mais uma produção sul-coreana, quando vi que os episódios tinham uma duração superior a uma hora torci um pouco o nariz. Já com Sherlock dei o benefício da dúvida e não me arrependi, por isso decidi fazer o mesmo com Navillera. Não foi o melhor piloto de sempre, mas dá para perceber porque é tão longo. É necessário algum tempo para que nos introduzam as personagens e as suas vidas, mas uma vez que o tenham feito, o espectador fica familiarizado com elas e quer saber mais e mais.
Relativamente ao enredo, digo que foi o que mais me chamou a ver a série. Um avôzinho que quer aprender ballet… Há algo mais fofo e reconfortante que isso? Obviamente, não me enganei. Toda a premissa é, sim, fofa, mas muito mais do que isso. O piloto ajuda-nos desde logo a refletir sobre a velhice, sobre os nossos sonhos e sobre todos os sentimentos que acompanham ambos.
Desde a construção das personagens a toda esta dimensão de reflexão, o piloto brilha também nos aspetos mais técnicos. A nível de realização e cinematografia é belíssimo. Já a nível sonoro, poderia ser um pouco melhor. Quando utilizam as músicas clássicas, brilha, no restante, acabam por ser utilizadas músicas um pouco cliché e muito dramáticas.
Tal como disse, é impossível, depois de ver o piloto, não querer acompanhar estas personagens, quer nas suas vidas individuais, quer nas peripécias pelas quais conjuntamente irão, certamente, passar. Recomendo esta série a quem não esteja a procurar algo leve. Ainda que o enredo pareça simples, tem muitas camadas fantásticas para desvendar.
Ana Leandro